No final de uma reunião do Eurogrupo dedicada sobretudo à complexa situação da Grécia, Juncker disse que de Portugal e Irlanda se falou "pouco" - acrescentando que "tanto melhor" assim -, mas Rehn, que também elogiou as reformas conduzidas por Lisboa e Dublin, repetiu o alerta deixado à chegada à reunião sobre o "risco de contágio" da situação grega a estes dois países.
O comissário europeu sublinhou a importância de a Grécia ultrapassar os actuais problemas e clarificar as suas perspectivas financeiras e futuro a médio prazo, não só no seu interesse, mas também para "dar clareza aos mercados e ajudar a conter riscos de contágio a economias vulneráveis na UE que estão a levar a cabo reformas profundas, na área orçamental e estrutural", casos de Portugal e Irlanda.
Portugal na agenda
Relativamente a Portugal, disse que "os partidos que vão partilhar o poder e formar Governo" (PSD e CDS-PP) "estão totalmente comprometidos em implementar o programa (de assistência financeira) UE/FMI a partir do primeiro dia em funções", ou seja, terça-feira, dia da tomada de posse.
Por seu turno, Juncker apontou que os ministros do Eurogrupo estimam "todos" que "os programas de ajustamento da Irlanda e de Portugal avancem bem, tanto em matéria de reforma orçamental como em matéria de reformas estruturais", e estão "satisfeitos com os desempenhos recentes dos dois países".
O presidente do Eurogrupo disse que os países da Zona Euro também se congratularam com "o sucesso da recente emissão obrigatória do fundo europeu de estabilização financeira (FEEF), para uma primeira tranche para Portugal", referindo-se à emissão de 5 mil milhões de euros realizada na semana passada.
Sublinhando que, quanto a Portugal e Irlanda, não se levantam para já preocupações, os dois responsáveis admitiram mesmo que a grande preocupação de momento é a Grécia, que viu na última madrugada os ministros das Finanças da Zona Euro falharem um acordo sobre o desembolso da próxima tranche do programa de resgate, de 12 mil milhões de euros, que condicionaram à aprovação pelo parlamento grego da estratégia orçamental de médio prazo e do programa de privatização até final de Junho.
Reunião a 3 de Julho
Juncker anunciou, de resto, a convocação de uma reunião extraordinária do Eurogrupo para 3 de julho, data em que acredita ser já possível fechar um acordo, uma vez que o parlamento grego se tenha pronunciado.
O agendamento desta reunião deverá antecipar a "estreia europeia" do novo ministro das Finanças português, Vítor Gaspar, que estava prevista para a reunião do Eurogrupo de 11 de Julho. link
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Destino imediato de Portugal joga-se na Grécia
Os países da Zona Euro estão satisfeitos com a forma como Portugal está a implementar o programa de austeridade negociado com a troika, mas alertam para os riscos de contágio da crise grega. O destino imediato de Portugal joga-se na Grécia.
Esta mensagem foi transmitida hoje no final de uma reunião do Eurogrupo, em que os países da Zona Euro foram novamente incapazes de chegar a acordo sobre uma solução para o financiamento imediato e de longo prazo para evitar que a Grécia entre em colapso financeiro.
A situação portuguesa acabou por ser secundarizada, algo que Jean-Claude Juncker, o presidente do Eurogrupo, que voltou a elogiar Portugal, vê com bons olhos. “Falámos da Irlanda e de Portugal, países de que se fala pouco e tanto melhor. Estimamos todos que os programas de ajustamento da Irlanda e de Portugal avançam bem, tanto em matéria de reforma orçamental, como em matéria de reformas estruturais. Estamos, por isso, satisfeitos com o desempenho recente destes dois países”, afirmou o presidente do Eurogrupo.
Numa reunião marcada pela falta de acordo em relação à Grécia, voltam a surgir os receios de contágio de uma nova crise da dívida. Os países mais vulneráveis são precisamente Portugal e a Irlanda, que correm o risco de ver os seus esforços de ajustamento caírem por terra. A relação entre as duas situações foi estabelecida por Olli Rehn, o comissário europeu responsável pelos Assuntos Económicos e Financeiros.
“As perspectivas financeiras gregas e condições de médio prazo vão também dar clareza aos mercados e ajudar a conter os riscos de contágio a economias vulneráveis da União Europeia que estão a levar a cabo reformas sérias na área orçamental e estrutural”, sublinha.
Olli Rehn explica que o “programa irlandês está no bom caminho e em Portugal os partidos que vão partilhar o poder e formar Governo estão totalmente comprometidos em implementar o programa UE/FMI desde o primeiro dia em que tomem posse”.
Entretanto, o novo ministro das Finanças português, Vítor Gaspar, poderá estrear-se nas lides europeias já no próximo dia 3 de Julho, data de uma nova reunião extraordinária do Eurogrupo, convocada para tentar de uma vez por todas desbloquear o financiamento de que a Grécia precisa até Agosto e para definir o formato do novo pacote de ajuda que será negociado com Atenas. link
"Troika" regressa amanhã a Lisboa
Os responsáveis da missão da "troika" regressam já esta terça-feira a Lisboa para um encontro com o recém-empossado Governo português. A visita estava prevista para depois da tomada de posse e a Renascença confirmou que o encontro decorre mesmo amanhã.
A equipa da "troika" inclui os responsáveis das equipas da Comissão Europeia e do FMI durante o processo negocial do pacote de ajuda a Portugal - o alemão Jurgen Kruger e o dinamarquês Poul Thomsen.
Trata-se de uma missão simples, que tem como principal objectivo tomar conhecimento dos planos do novo Governo para aplicar as medidas de austeridade e reformas, que constituem o programa de ajustamento exigido a Portugal como contrapartida pelos 78 mil milhões de euros emprestados.
Recorde-se que este programa foi negociado e assinado por José Sócrates, mas foi apoiado pelo PSD e pelo CDS enquanto partidos da oposição, que se comprometeram a aplicá-lo independentemente do desenlace das eleições.
Esta visita será seguida de uma nova missão, em princípio no início de Agosto, essa sim para efectuar a primeira revisão trimestral sobre a forma como estão a ser implementadas as medidas decididas. link
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