Zona euro falha acordo sobre ajuda de curto prazo à Grécia
Em contrapartida, os Dezassete membros do euro chegaram a um acordo de princípio sobre “o necessário financiamento adicional” de Atenas no quadro de um novo plano de ajuda complementar daquele que vigora desde há um ano. Este financiamento adicional será conseguido “através de fontes tanto oficiais como privadas” e do “envolvimento voluntário do sector privado”, afirmaram os ministros numa declaração ontem emitida depois de uma reunião dedicada à crise grega, no Luxemburgo.
A participação dos privados será assegurada através de um rollover da dívida em resultado de acordos com os credores para a compra de novos títulos de dívida quando os que detém actualmente chegarem a termo. Isto, precisam os Dezassete, “evitando um default (incumprimento) selectivo” de Atenas.
Ao invés, e depois de longas horas de negociações que arrancaram ao princípio da noite de ontem, e ao contrário das expectativas iniciais, os ministros separaram-se depois das 2 horas da manhã sem um acordo sobre a libertação rápida de uma tranche de 12 mil milhões de euros para assegurar as necessidades imediatas de financiamento de Atenas. Esta seria a quinta tranche da ajuda de 110 mil milhões de euros decidida há um ano para a Grécia entre a zona euro e o FMI. De forma inesperada, os Dezassete decidiram adiar a decisão para o início de Julho, afirmando que os fundos serão libertados em meados desse mês.
Segundo Didier Reynders, ministro belga das Finanças, o adiamento resultou da falta de acordo. Isto, explicou, porque os Dezassete querem esperar pelo voto de confiança do parlamento grego ao governo e ao seu plano de austeridade que constitui a contrapartida a ajuda, e que decorrerá em princípio amanhã. Segundo Reynders, os seus pares também querem esperar pela definição do acordo completo sobre o segundo pacote de ajuda, que deverá representar entre 60 e 100 mil milhões de euros suplementares para assegurar o financiamento do país até 2014.
“Não houve acordo para [libertar a quinta tranche] por um lado sem progressos sobre a participação do sector privado e, por outro, um voto do parlamento grego”, afirmou Reynders. link
Papandreou: “Bancarrota seria uma catástrofe" para a Grécia
O primeiro-ministro grego, George Papandreou, afirmou esta tarde no parlamento helénico que as “consequências de uma bancarrota violenta ou a saída do euro” seriam uma “catástrofe imediata” para as pessoas, para os bancos e para a credibilidade do país.
No discurso que marcou o início de um debate de três dias sobre o novo plano de austeridade, Papandreou relembrou, de acordo com a Reuters, que o país está numa encruzilhada e que as suas reservas de dinheiro chegarão ao fim caso a Grécia não recebe a quinta tranche do apoio da UE e do FMI, no valor de cerca de 12 mil milhões de euros. Na terça-feira, o executivo será alvo de um voto de confiança, o que implica o apoio ao novo plano de austeridade, mas este só irá a votos no dia 28 de Junho.
O mais recente plano de corte de custos e aumento de receitas (nomeadamente via privatizações e subida dos impostos) terá de ter luz verde por parte da maioria dos deputados. À partida, isso terá sido assegurado pela remodelação governamental que Papandreou orquestrou no final desta semana, com destaque para a indigitação de Evangelos Venizelos na pasta das Finanças, substituindo Papaconstantinou.
Esta foi uma forma de apaziguar o interior do seu próprio partido, o Pasok, que detém a maioria no Parlamento. Venizelos, que era até aqui ministro da Defesa, tinha entrado em confronto com Papaconstantinou, e foi já como responsável das finanças que o responsável pelas contas gregas se deslocou hoje à reunião dos ministros da zona euro no Luxemburgo.
Em declarações aos jornalistas, antes da reunião, Venizelos garantiu que a Grécia irá cumprir as suas promessas de cortes orçamentais e de redução do défice. “Esta é uma boa ocasião para eu reafirmar a dedicação do governo grego e a vontade firme da população no sentido de cumprir o programa” de reajustamento acordado com a UE e com o FMI, afirmou o responsável, citado pela AFP.
A disponibilização da quinta fatia da ajuda à Grécia, bem como um novo tipo de apoio que poderá envolver, de forma voluntária, os detentores de dívida pública grega (como os bancos) é o tema central do encontro dos ministros das Finanças da zona euro, que termina amanhã. Nesta reunião também será feito o ponto da situação do programa de assistência financeira a Portugal, que se encontra representado pelo embaixador junto das instituições europeias, Manuel Lobo Antunes.
No encontro de hoje, os responsáveis pelas finanças dos países do euro sublinharam que sem a aprovação do novo programa de austeridade não será possível libertar a ajuda necessária para assegurar o financiamento imediato do país.
Referendo na Grécia no Outono
No seu discurso de hoje no Parlamento, Papandreou anunciou ainda que irá realizar um referendo, no Outono, para introduzir mudanças no sistema político e administrativo do país. A iniciativa destina-se, de acordo com a Lusa, a acalmar o descontentamento nas ruas, já que irão a votos algumas medidas “necessárias para terminar com as raízes dos problemas que levaram a crise à Grécia”.
Ainda segundo a Lusa, o primeiro-ministro informou que vai nomear uma equipa de 20 a 25 assessores de todos os sectores para estudar as mudanças necessárias. A consulta popular vai abordar as medidas que essa equipa sugerir e que têm por objectivo combater a corrupção, a evasão fiscal, a fuga de capitais e os privilégios dos deputados e altos funcionários. link
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