Fórum da Sustentabilidade de Manaus: Al Gore prega acordo pós-protocolo de Kyoto
O ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, usou o encontro das águas dos rios Negro e Solimões, em Manaus, para dizer que as nações desenvolvidas e as subdesenvolvidas precisam se encontrar e, juntas, reverter o aquecimento global. “Negro e Solimões caminham lado a lado, com as diferenças deles, por 10 quilômetros, mas depois as águas se misturam e juntos eles correm para o mar”, lembrou Gore. “As nações, com suas histórias e tradições diferentes, precisam agora colocar isso de lado, se unir e construir uma civilização global”, completou.
A palestra de Al Gore, prêmio Nobel da Paz de 2006, abriu a segunda parte do Fórum Internacional de Sustentabilidade, encontro promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (LIDE) com o apoio de A CRÍTICA, a “media partner” local. Para Gore, o aquecimento global é uma realidade e se a geração atual não fizer a parte dela, terá que enfrentar o julgamento das gerações futuras. “Eles vão perguntar: O que vocês estavam fazendo? Por que não fizeram nada com todos os avisos que foram dados?”. Na avaliação do ex-vice-presidente norte americano, a geração atual está diante do maior desafio já colocado para os seres humanos. O aquecimento global é um desafio novo, que nunca foi colocado em toda a história do mundo, avalia Al Gore.
O político americano disse que não considera a 15ª Conferência das Partes das Nações Signatárias da Convenção do Clima, em Copenhague, em dezembro último, um fracasso, pois uma carta de intenção prevendo a criação de um fundo mundial para proteção das florestas tropicais do mundo foi assinado. “É claro que isso é insuficiente, pois muitas promessas desse tipo já foram descumpridas no passado, mas é um começo”, afirmou. Para Gore, a COP 16, que acontecerá no fim deste ano na Cidade do México, terá a missão de avançar e firmar um contrato vinculante entre as nações comprometidas com a criação do fundo. Na avaliação de Gore, um acordo pós-protocolo de Kyoto é fundamental para mudar o destino da humanidade. Além da criação do fundo, ele propõe que seja estabelecido um preço para a emissão de carbono.
Al Gore também destacou a liderança do Brasil e do presidente Lula na COP 15 e nas discussões sobre mudanças climáticas. Elogiou também o programa de biocombustíveis do País e comparou com o programa norte-americano. “Brasil e EUA começaram esse programa na mesma época, só que o Brasil deu continuidade e hoje é líder neste seguimento”, completou.
Perguntas
Na fase de debates, a principal pergunta feita a Al Gore foi sobre o papel dos EUA na luta contra as mudanças climáticas. Gore disse que essa era a pergunta necessária e demonstrou o desconforto dos norte-americanos com o fato do presidente Barack Obama não ter avançado na legislação ambiental. “A legislação de mudança climática e do REDD já passou na Câmara, agora está no Senado, onde será mais difícil”, avaliou Gore. Ele também comparou a dificuldade de aprovar essa legislação a que viabilizou a reforma do sistema de saúde, um tema que está na pauta política dos EUA há 40 anos e só agora foi aprovada. “As dificuldades são semelhantes, mas uma fase já foi vencida e a atenção vai para o meio ambiente”, disse.
Gore também destacou o valor da floresta para o equilíbrio do planeta e defendeu a necessidade de produzir e disseminar informações sobre esse ecossistema.
via A Crítica
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