A idéia era mostrar a nascente virgem de um rio, no Brasil Central. Na foto, eu apareço de camisa azul, à esquerda, com água cobrindo os joelhos. O cinegrafista Luis Quilião está semi-mergulhado, com uma câmera aquática coberta por uma capa amarela. O operador de áudio captura o som segurando um microfone na ponta de um longo cabo. O diretor do programa, Alexandre Alencar (de colete azul) filma com a câmera principal. Nosso motorista assiste a tudo sentado numa pedra. E o guia local tira fotos, ao fundo.
A água brotando do chão tem tanta força que empurra todos para cima. É preciso fazer força para mergulhar e ver o espetáculo: milhares de peixes coloridos nos cercam. Havíamos viajado muito para chegar ali.
O objetivo era fazer uma reportagem sobre o legendário coronel Fawcett, um explorador inglês que sumiu na região sem deixar pistas. Ele procurava o Eldorado. Fawcett acreditava na existência de passagens subterrâneas, caminhos para outras dimensões. Ou será que, como bom inglês, queria mesmo era enriquecer, descobrindo ouro?
Nós constatamos apenas o óbvio: que o Brasil tem belezas desconhecidas da maioria da população. Santuários semi-virgens como este, escondido numa fazenda de Mato Grosso. Quanto ao coronel Fawcett, ninguém tem certeza ainda do que se passou com ele. Ossos que seriam do corpo do coronel foram recuperados e estão guardados num hospital de São Paulo. A família dele, na Grã Bretanha, nunca aceitou mandar amostras de DNA para desfazer a dúvida.
Desde então, eu e o diretor do programa, Alexandre Alencar, passamos a acreditar na maldição do Fawcett. Todos os que tentaram desvendar o mistério dele de alguma forma padeceram. No meu caso, talvez seja a explicação para a irreparável perda de cabelo que venho sofrendo.
via Vi o Mundo
(Publicado originalmente em 2005)
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