"Acampada" promove hoje manifestação em Lisboa e no Porto

Os jovens do movimento espontâneo inspirado na "acampada" espanhola vão realizar hoje uma manifestação, em Lisboa e no Porto, para passarem a mensagem de que é necessária uma democracia melhor.
A última iniciativa ocorreu a 28 de Maio, com uma manifestação entre a Avenida da Liberdade e o Rossio, em Lisboa, sob o lema "Democracia Verdadeira, Já".

A "acampada", que contesta o actual sistema político, inspirou-se nos contestatários em Espanha que criticam, nomeadamente, o desemprego.
Para esta manifestação de hoje, os participantes não esperam qualquer violência policial. "Mas também não a esperávamos da primeira vez", dizem
A manifestação portuguesa inspirou-se no movimento internacional, que chegou a realizar "acampadas" em cerca de 800 cidades no mundo.
A situação concreta de alteração política no Executivo português não muda nada nos propósitos dos jovens participantes, explicou à Lusa um dos participantes. "Não altera nada porque a democracia que se vive em Portugal não é recente", diz. Segundo aquele activista, o objectivo é "estimular o debate público sobre política".
Os jovens defendem "uma cidadania mais activa" e pretendem com estas iniciativas apelar aos cidadãos para participarem mais. Os jovens dizem-se "desgostosos com o sistema actual" e defendem que "uma democracia mais verdadeira é possível".

[ACTUALIZADA]

Reportagem: “Com as medidas da troika teremos cada vez mais pessoas na rua”

João Cruzeiro, economista reformado de 78 anos, confessa: ele só ali está porque pensava que na Avenida da Liberdade, em Lisboa, ainda estava montada a enorme quinta urbana que na véspera juntou nas faixas de rodagem porcos e couves. Falhado o objectivo, sentou-se no banco de jardim a observar a manifestação do movimento internacional Democracia Verdadeira Já.
Na sua opinião, este tipo de protestos “serve para os jovens dizerem que existem”, efeitos práticos adivinha-lhes poucos.
Terão sido cerca de 500 os manifestantes que hoje pisaram o alcatrão da Avenida da Liberdade ainda sujo de vestígios agrícolas, contabiliza Renato Teixeira, jornalista de 31 anos e um dos organizadores desta “manifestação internacional dos indignados”, que se terá reproduzido em 800 locais no mundo, a estimativa é confirmada por fonte policial.

São muito menos do que os estimados cerca de 300 mil da manifestação Geração à rasca, de 12 de Março, menos do que os cerca de 700 de há 15 dias organizados pelo mesmo movimento, mas “é só uma questão de tempo”, vaticina Manuela Ribeiro, desempregada de 52 anos, basta que as medidas da troika comecem a fazer aumentar ainda mais o desemprego. E é de repente que os manifestantes começam a andar para trás, a responder ao mote vindo do megafone “Andamos para trás com o FMI”.

Banqueiros terá sido das palavras que mais se ouviram, eles e os políticos. “Eles é que viveram acima das nossas possibilidades”, lê-se num dos cartazes. Paula Gil, uma das organizadoras da manifestação do 12 de Março, defende que “se passou a ideia de que tudo o que se está a passar em Portugal é inevitável. Na Islâdia os movimentos começaram com cinco a 15 pessoas até conseguirem uma auditoria e um referendo”. Para a activista, “com as medidas da troika cada vez mais teremos mais pessoas na rua”.

Margarida Santos, de 19 anos, só lamenta “que as pessoas se juntem para ouvir Tony Carreira e não se unam para o lhes diz directamente respeito”. link
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