Fernando Gabeira
Os protestos contra a construção da Usina de Belo Monte em Brasília não são novos para mim. A construção da usina no Xingu foi tema de um encontro dos povos indígenas, em Altamira, Pará. Isso foi em 89 e muitos convidados famosos vieram visitar a região. O mais conhecido é o cantor Sting mas lembro-me também da presença de Anita Roddick, fundadora da Body Shop, que morreu alguns anos depois.
O cacique Raoni que hoje participou das manifestações era a grande estrela do evento. A partir dali, tornou-se conhecido no mundo inteiro, visitou Jacques Chirac algumas vezes na França e chegaram a combinar a criação de um instituto de pesquisas na Amazônia.
Mas o momento mais dramático do encontro foi durante uma audiência com o presidente da Eletronorte, José Antônio Muniz Lopes, a india caipó Tuira o ameaçou com um facão.
Na época Belo Monte chamava-se Kararao. O projeto foi alterado, José Antônio deixou a empresa e agora volta a ela, pelas mãos de Sarney. É um técnico competente, apesar disso.
Belo Monte continua com problemas, embora o projeto tenha sido atenuado. O licenciamento foi confuso e traumático pois implicou na demissão de diretores do Ibama. É um projeto no qual o governo se dedica com muita pressa, sem tempo para convencer a iniciativa privada. Será uma usina quase estatal. Tanto as questões ambientais como as econômicas estão embaralhadas e o movimento de oposição a Belo Monte, que existe desde aquela época, apresentou hoje no Planalto os seus argumentos.
Antes das eleições, o diretor de Avatar, James Cameron esteve no Brasil para apoiar o movimento de resistência. Resolvi abrir os arquivos um pouco por nostalgia, um pouco para mostrar como são velhos alguns temas da atualidade no Brasil.
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