Sessão do Senado dedicada a Pedro Teixeira

10/12/2009

Senado dá início ao resgate histórico de Pedro Teixeira, o desbravador da Amazônia

Nenhuma linha nos livros didáticos é reservada ao bandeirante-mor Pedro Teixeira, o homem que demarcou a Amazônia e a fez pertencer ao Brasil quando da assinatura do Tratado de Tordesilhas. Pedro Teixeira percorreu em 1640, a bordo de canoas e liderando uma comitiva de duas mil pessoas, todo o território amazônico a mando do reino de Portugal até chegar a Quito, no Equador, numa verdadeira jornada épica. Para resgatar e garantir o devido reconhecimento, o líder do PT e do Bloco de Apoio ao Governo, Aloizio Mercadante (SP), apresentou dois projetos de lei: um para que o nome do desbravador passe a constar do Livro dos Heróis da Pátria, o chamado Livro de Aço e, o outro, para que as façanhas de Pedro Teixeira constem dos livros didáticos brasileiros.

Ulisses Forattini Antunes, que estudou o desbravamento do Brasil no 5º ano do ensino fundamental, numa das melhores escolas de São Paulo, confirma que nunca ouviu falar desse herói. "Estudei os livros que contam que os bandeirantes vasculhavam o Brasil atrás de ouro, mas do bandeirante-mor Pedro Teixeira nunca ouvi falar", revelou.

Mas a história para fazer justiça a este luso-brasileiro começou a mudar. Por iniciativa do líder Mercadante, o Senado promoveu na manhã desta quinta-feira (10) uma sessão especial de homenagem ao desbravador.

Antes de presidir a sessão, Mercadante fez o primeiro discurso enfatizando que "tornou um lugar comum afirmar que o Brasil é carente de heróis ou, por outro lado, que somos um País sem memória, no qual os grandes vultos são rapidamente relegados ao esquecimento. Por uma e outra razão, julgo premente a incumbência de resgatar o nome semi-esquecido de um personagem cuja envergadura impressiona a todos os que tomam conhecimento de suas façanhas", afirmou.

Expedição Épica - Em seu discurso, Mercadante apresentou o quadro histórico no qual Pedro Teixeira se parece a uma figura mitológica.

Durante a União Ibérica, entre 1580 e 1640, foram desfeitos os limites impostos pelo Tratado de Tordesilhas que em 1494 havia dividido o mundo conhecido e aquele a ser descoberto pelos reinos peninsulares. O líder citou o historiador francês Pierre Chaunu, falecido recentemente, que assinalou que "o mundo jamais seria o mesmo, por ter experimentado de forma inaugural e definitiva, o maior movimento de interrelações entre culturas e povos de que se tem notícia".

É a partir de 1637 que Pedro Teixeira, nascido em Cantanhede, distrito português, ajuda a mudar a história do Brasil. Sua maior façanha foi navegar contra a corrente do Rio Amazonas. A expedição partiu do baixo Tocantins, sob sigilo, com 47 canoas, 70 soldados, 1.200 índios flexeiros e mais familiares civis, numa comitiva de duas mil pessoas.

Entre os objetivos dos argonautas, contou Mercadante, se destacavam itens de acordo com o regimento entregue ao Capitão-mor Pedro Teixeira, que fizesse o reconhecimento detalhado do rio Amazonas até Quito; que verificasse os lugares aptos para levantar fortificações de defesa; que guardasse a boa conduta dos expedicionários de modo que, de bom trato e presentes oferecidos aos indígenas, resultasse relações de amizade e paz. Por fim, a instrução secreta que ia encerrada em "carta prego" para somente ser aberta no regresso.

Foram dez mil quilômetros percorridos sinuosamente pelos rios, incluindo a subida da cordilheira andina até Quito, numa jornada vencida ao longo de 26 meses. Pedro Teixeira tinha uma vantagem contando a seu favor: falava a língua dos indígenas.

Prêmio Pedro Teixeira -  O incentivo para estudar Pedro Teixeira está posto. A empresa de telefonia Portugal Telecom criou um prêmio, que leva o nome do desbravador, para reconhecer os trabalhos de estudantes entre 12 e 18 anos como forma de estreitar os laços entre a juventude do Brasil e de Portugal.

Os vencedores brasileiros irão a Cantanhede, visitar o distrito onde nasceu o herói de duas nacionalidades. Aliás, o prefeito da cidade João Moura esteve presente na sessão. Os premiados portugueses visitarão a Amazônia brasileira, espaço de 5,2 milhões de quilômetros quadrados; que tem a maior floresta tropical do mundo; o maior corredor ecológico do planeta; que hoje tem uma população de 24 milhões de habitantes e contribui com 8% da riqueza nacional.

Sessão Especial - A sessão especial presidida pelo senador Aloizio Mercadante durou mais de três horas. Senadores de todos os partidos relembraram feitos históricos relacionados à importância da Amazônia para o Brasil e o que representa para o mundo. Pedro Teixeira fundou a cidade de Belém, capital do Pará, e seu corpo está enterrado na Igreja Nossa Senhora das Graças.

"O Brasil vive um momento singular. O nosso País saiu da condição de país do futuro para ser a nação do momento. Estamos crescendo, distribuindo renda, superando problemas históricos e temos, hoje, grande protagonismo internacional, conferindo nossa vitalidade, nossa vocação para a negociação, nossa cultura tolerante e rica, como um exemplo a ser seguido. O Brasil é a solução mas nos falta resgatar nossa autoestima e de nossos heróis, como Pedro Teixeira", disse o líder.

Representantes das Forças Armadas brasileira e do governo e de empresas portuguesas participaram da sessão especial.
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