CNBB divulga nota sobre o Código Florestal e a violência na região Amazônica


Aconteceu hoje, 17, em Brasília, a coletiva de imprensa que marcou o encerramento da reunião do Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Os bispos da recém-eleita Presidência da CNBB falaram aos jornalistas sobre o Código Florestal brasileiro, que está em trâmite no Senado, a crescente violência contra pequenos agricultores e assentados no norte do país e sobre a Campanha da Fraternidade de 2012, que tratará da Saúde Pública.
Os bispos aprovaram uma nota sobre o Código Florestal e outra sobre os atos de violência na região Amazônica.

Código Florestal

“Não temos o direito de subordinar a agenda ambiental à agenda econômica”, afirmaram os bispos na nota sobre o Código Florestal.
O secretário geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner, manifestou a preocupação da Igreja com os impactos e as consequências do novo Código Florestal, que atingirão diretamente as pessoas e o meio ambiente, podendo decidir o futuro, não apenas dos brasileiros, mas da humanidade como um todo. “Sem um cuidado real com a natureza, com as florestas e com as águas nós não teremos futuro. E nós, da CNBB, estamos preocupados com essa relação”, disse o secretário.
Dom Leonardo destacou a criação de um Fórum, organizado por entidades da sociedade civil, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Agência Brasileira de Imprensa (ABI) e a própria CNBB dentre outras entidades, para participar diretamente da reformulação do Código Florestal no Senado, levantando questionamento e debatendo alternativas.
“Todos sabem que há a intenção da sociedade civil em criar um Fórum para acompanhar a discussão no Senado. Esse Fórum está disposto a criar um abaixo-assinado para pressionar o governo a vetar pontos que especialistas em meio ambiente afirmam serem perigosos, como a flexibilização da lei que altera o regramento das Áreas de Preservação Permanente (APPs) e a anistia das multas e penalidades pelas ocupações e desmatamentos em áreas de agropecuária e de alta relevância ambiental. Como Igreja, incentivaremos os fiéis a aderirem a esse abaixo-assinado, pois o novo código florestal não pode faltar com o equilíbrio entre justiça social, economia e ecologia”, disse dom Leonardo, lembrando a atuação da Igreja em outros abaixo-assinados, como o da criação da chamada Lei da Ficha Limpa, que recolheu mais de um milhão de assinaturas em todo o Brasil.
O Conselho Permanente deliberou que a Presidência da CNBB crie uma Comissão, formada por bispos e especialistas, para acompanhar toda a discussão do Código no Senado. O secretário defendeu a participação da Igreja no debate e a necessidade de fazer pressão sobre o Senado. Dom Leonardo lembrou, ainda, que os cientistas não foram chamados ao debate.
Sobre o abaixo-assinado, o presidente, cardeal Raymundo Damasceno, explicou que “cada diocese, cada paróquia mobilizará seus fiéis, à sua maneira, para recolher as assinaturas”.

Violência no norte

Sobre a violência na região Amazônica, que nos últimos meses vitimou vários trabalhadores rurais, pequenos camponeses e lideranças de assentamentos, o presidente da CNBB disse que o governo brasileiro deve tomar todas as medidas cabíveis para evitar os confrontos que estão ocorrendo e proteger as pessoas que estão “marcas para morrer”.
“O Governo deve intervir para que essas mortes, que ocorrem principalmente na região Amazônica, cessem. Não é possível que ainda haja lista de ‘marcados para morrer’. É claro que o Governo Federal já tomou algumas iniciativas, como o envio da Força de Segurança Nacional, mas essas medidas devem ser tomadas preventivamente, antecipadas ao fato, e não após a tragédia acontecer”, destacou dom Damasceno, lembrando o assassinato do casal de ambientalistas no Pará e de agricultores em Rondônia.
Dom Damasceno ressaltou que a nota divulgada pela CNBB, sobre a violência no norte, serve para chamar a atenção do Governo e é um alerta para evitar mais mortes na região. “É uma situação dolorosa para as família, em primeiro lugar, e para a Igreja, defensora da vida, que não tem preço”.

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