Mais uma região da Amazônia afetada por vazamento de petróleo


Desta vez, foram afetadas 28 comunidades ribeirinhas do rio Marañon, na amazônia peruana. Vazamento ocorreu no dia 19, quando foi perfurado o casco de uma barcaça que transportava óleo.
O Instituto de Pesquisas da Amazônia Peruana (IIAP), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, divulgou nesta segunda-feira nota sobre as consequências do vazamento de petróleo da empresa Pluspetrol, no rio Marañon, ocorrido no último dia 19. Segundo o informe, elaborado pelo engenheiro químico Victor Sotero, "A mancha de petróleo cobriu toda a largura do Rio, com efeitos devastadores na fauna e na flora. Peixes e plantas aquáticas estão destroçados".
O que mais preocupa é o fato de que as águas contêm graxa e óleo que superam em milhares de vezes o limite máximo permitido, afetando cerca de quatro mil nativos e mestiços no coração da Amazônia peruana. Segundo Sotero, a quantidade é alarmante considerando que o limite máximo admissível destas substâncias na água para o consumo humano é de um miligrama por litro, ou de uma parte por milhão, segundo as leis peruanas.
"Com tal grau de contaminação, essas águas não podem ser usadas por estas populações até que sejam feitos novos exames ao longo dos próximos meses e a presença dessas substâncias chegar a zero", disse Sotero à Envolverde Revista Digital. O vazamento ocorreu quando foi perfurado o casco de uma barcaça que transportava óleo procedente do Lote 8, contratada pela Pluspetrol Norte, filial da argentina Pluspetrol. A empresa informou que o vazamento foi de aproximadamente 400 barris (de 159 litros) de petróleo.
 De acordo com o IIAP, foi feita análise de seis amostras recolhidas entre 20 e 22 de junho na região. O resultado revela uma presença de graxas e óleos que oscila entre 10.800 miligramas por litro (mg/l) e 2.613.000 mg/l. A Defensoria do Povo afirma que há  28 comunidades ribeirinhas do Marañon afetadas, mais de quatro mil pessoas, entre eles nativos cocamas, localizados perto dos achuar, também atingidos pela contaminação.
 Edwin Vasquez, presidente da Organização Indígena do Oriente, diz que os ribeirinhos reclamam por água e alimentos, uma vez que tomavam água do Marañon e “se alimentavam dos peixes que foram embora devido ao vazamento”. O dirigente diz que a reposição de água e alimentos feita empresa e pelo governo de Loreto estão são insuficientes.

Controvérsia

Victor Sotero informa que a empresa não tem um "plano de contingência para auxílio à população ribeirinha em caso de desastres desse tipo". Em um comunicado, porém, a Pluspetrol diz que conta com esse plano, segundo Sotero nunca apresentado. O químico diz em seu informe que a população só soube do acidente na noite do dia 19, embora tenha ocorrido às três da tarde, por isso continuou consumindo água contaminada por várias horas.
 Roy Meza, diretor regional de Energia e Minas de Loreto, informou que foram enviados médicos às comunidades e, segundo avaliações preliminares, duas pessoas apresentares sintomas de problemas estomacais. Contudo, ainda não se pode afirmar que os males foram causados pelo consumo de agentes tóxicos. A companhia informou, no dia 30, ter concluído a recuperação e limpeza dos restos de petróleo.
 Em seu informe, Victor Sotero recomenda que seja feito "um monitoramento mensal ao longo do ano, e anual, a partir de 2011, na água, nos sedimentos, em espécies hidrológicas e no sangue da população afetada, para uma avaliação do alcance da contaminação".
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