O conflito social e ambiental na Gleba  Nova Olinda I é fato amplamente conhecido e divulgado em âmbito regional  e nacional. Em outubro de 2009, ocorreu uma manifestação de centenas de  comunitários, ribeirinhos e indígenas indignados com a indefinição  fundiária e a impunidade dos crimes ambientais praticados na gleba.
Os manifestantes apreenderam balsas  carregadas com madeiras e exigiram a presença dos órgãos ambientais e  fundiários na área para ouvir suas reivindicações e propor ações  concretas. A ausência de uma atuação estatal rápida e efetiva na  investigação das denúncias e na resolução das causas do conflito  provocou o desfecho trágico do protesto, com a queima de grande  quantidade de madeira tida como ilegal.
Depois da manifestação, a tensão na área  tem sido constante, pois algumas comunidades da região estão aliadas ou  cooptadas por empresas madeireiras interessadas no loteamento  individual da Gleba Nova Olinda I e na exploração florestal comercial na  região, incentivando a violência e o ódio étnico-racial na população  local.
Desde então, matérias jornalísticas  foram veiculadas na imprensa santarena acusando os indígenas de não  serem índios verdadeiros, de que a etnia Borari já havia sido extinta a  duzentos anos, de que os indígenas estão querendo tomar as terras  produtivas da região e inviabilizar seu uso, entre outras alegações sem  qualquer fundamento antropológico ou legal.
A FUNAI atua nesta Gleba na demarcação  das terras indígenas, através de um procedimento iniciado em 04 de junho  de 2004.
O capítulo mais recente da violência  perpetrada aos indígenas na região ocorreu no último domingo (02), por  volta das 3hs, quando o indígena Adenilson Alves de Sousa, conhecido  como Poró, foi atacado e espancado a socos, pontapés e pauladas por um  grupo de 15 a 20 homens na Comunidade de Curi, no Rio Arapiuns.
A vítima é irmão do Cacique Odair José  Alves de Sousa, conhecido como Dadá Borari, e reside na Aldeia de Novo  Lugar, Rio Maró, um dos rios formadores do Rio Arapiuns, participando  ativamente da luta dos índios na Gleba Nova Olinda I. Acredita-se que o  atentado tenha sido diretamente motivado pela condição étnica e de  defensor de direitos humanos de Adenilson.
O Cacique Odair José Alves de Sousa,  líder do povo Borari-Arapiun, já foi vítima de inúmeras ameaças e  atentados por causa de sua luta contra a exploração ilegal de madeira e a  demarcação de terras indígenas, e recebe proteção policial através do  Programa Estadual de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos do  Estado do Pará.
Há suspeitas de que possam ocorrer novos  atentados. Pessoas não identificadas foram vistas na segunda-feira  (03), nas proximidades do Conselho Indígena do Tapajós-Arapiuns (CITA). A  situação na região é crítica e não permite que o Estado espere o pior  acontecer para tomar providências.
Assim, em vista dos fatos acima  narrados, pede-se que seja dada continuidade urgente ao procedimento de  demarcação das terras indígenas das aldeias do Rio Arapiuns e Baixo Rio  Tapajós, assim como intervenção direta da FUNAI no acompanhamento das  investigações dos crimes cometidos contra as lideranças indígenas.
A Terra de Direitos já encaminhou  ofícios a diversos órgãos públicos para pedir providências, tais como:  Funai Brasília e Itaituba, Programa Nacional e Estadual de Proteção aos  Defensores, Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Iterpa, Comissão  de Direitos Humanos da OAB/Nacional e Ministério Público Federal –  Santarém.
via Terra de Direitos
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