Obra de Villa-Lobos abre o Festival Amazonas de Ópera
Heitor Villa-Lobos (1887-1959) é, ao lado de Antonio Carlos Gomes (1936-1896), um dos maiores nomes da música erudita brasileira. Entre as suas quase mil obras está a ópera literária em três atos “Yerma”, com libreto do próprio compositor, inspirado na tragédia homônima do poeta e dramaturgo espanhol Federico Garcia Lorca (1898-1936).
“Yerma” foi composta entre os anos 1955 e 1958 e seu libreto foi inspirado no texto de 1934 do escritor espanhol. No mundo inteiro, a obra foi montada apenas cinco vezes. Com a produção do 14º Festival Amazonas de Ópera (FAO), será a sexta vez que a ópera será encenada. A avant-première mundial foi realizada pela Santa Fe Opera, na cidade homônima, no Novo México, nos Estados Unidos, no dia 12 de agosto de 1971.
A única montagem brasileira da ópera, até então, foi realizada em 1983, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. A última remontagem aconteceu no ano passado, no dia 23 de novembro, no Hotel dês Invalides, em Paris, em homenagem a passagem dos 50 anos de falecimento do artista.
“Esta será a primeira vez que ‘Yerma’ será encenada integralmente no Brasil”, frisa o diretor musical Marcelo de Jesus, que irá reger a orquestra Amazonas Filarmônica. “Os ensaios musicais iniciaram em fevereiro, e os cênicos há uma semana”, conta. Apesar de Villa-Lobos ter se notabilizado por introduzir temas nacionais nas suas composições, este não é o caso de “Yerma”. “Não há nenhuma referencia nacional porque a ópera é inspirada em uma obra espanhola”.
A trama central gira em torno da personagem Yerma, que deseja ter um filho, mas encontra a resistência de seu esposo, Juan, que, embora diga que a ame, afirma que não terá filhos com ela. O desejo da maternidade torna-se uma obsessão para Yerma, que se envolve com outro homem, Victor. O triângulo amoroso é descoberto e leva a um trágico desfecho: Yerma estrangula o marido.
Produção local
De acordo com o secretário estadual de Cultura, Robério Braga, Manaus tornou-se um pólo operístico, capaz de produzir suas próprias montagens, sem ter de depender do eixo Rio-São Paulo. O secretário destaca que a Central Técnica de Produção (CTP), criada a partir do primeiro FAO, 25 óperas prontas para serem montadas a qualquer momento.
Ele destaca o fato de o Amazonas necessitar cada vez menos de profissionais de outros estados para a montagem dos espetáculos, pois, segundo ele, uma geração de talentos foi formada ao longo dos anos de realização do evento, como a diretora artística do Corpo de Dança do Amazonas (CDA), Monique Andrade, responsável pela criação coreográfica de “Yerma”. Monique e os 16 membros do CDA iniciaram os ensaios em março, trabalhando de segunda a sábado, de 9h às 16h, no Ideal Clube.
O maior expoente do nacionalismo musical
Heitor Villa-Lobos nasceu em 5 de março de 1887, no Rio de Janeiro, e faleceu, vítima de câncer, em 17 de novembro de 1959, na mesma cidade. Ele compôs cerca de mil obras musicais e se destacou por ter reformulado o conceito brasileiro de nacionalismo musical, ao utilizar temas folclóricos e tradicionais nas suas composições, e por inseri-las no repertório erudito internacional.
Villa-Lobos cresceu em contato com a música, em especial pelo fato de seu pai, Raul, ser músico, e que o incentivou a aprender clarinete e violoncelo. Além disso, o pai costumava receber vários artistas importantes da música em sua casa. Uma de suas tias apresentou-lhe as obras de Bach, que, futuramente, iriam influenciá-lo a compor as “Bachianas Brasileiras”. Villa-Lobos também foi casado com uma pianista, Lucília Guimarães.
Desde a infância, Villa-Lobos travou contato com a cultura popular musical brasileira, ouvindo modas caipiras, cantigas de roda, canções de seresteiros e música afrobrasileira, pois morou em cidades interioranas do Rio de Janeiro e de Minas Gerais. Já adulto, empreendeu viagens por várias cidades do país, realizando pesquisas musicais, recolhendo temas que, posteriormente, foram utilizados em suas obras.
A sua estreia como compositor foi em 1915. Porém, a sua projeção internacional se deu somente a partir de 1944, quando foi convidado pelo maestro norte-americano Werner Janssen para a sua primeira turnê nos Estados Unidos, que foi seguida de diversas apresentações nos anos seguintes, e que lhe abriu as portas para o circuito erudito da Europa.
Ópera terá três récitas
A avant-première de “Yerma” será no dia 23 (sexta-feira), às 20h, no Teatro Amazonas (Largo de São Sebastião, s/nº, Centro, Zona Sul), na 14ª edição do Festival Amazonas de Ópera (FAO). As demais récitas serão apresentadas no próximo domingo (25/04), às 19h, e no dia 30 (sexta-feira), às 20h.
Os ingressos da estreia custam, no setor Laranja, R$ 80 (plateia, frisa e 1º pavimento) e R$ 70 (2º pavimento); no setor Amarelo, R$ 60 (plateia), R$ 50 (frisas), R$ 55 (1º pavimento) e R$ 45 (2º e 3º pavimentos); e no setor Roxo, R$ 20 (1º pavimento), R$ 10 (2º e 3º pavimentos) e R$ 5 (camarotes extras do 1º e 2º pavimentos).
Para as demais récitas, os ingressos custam, no setor Laranja, R$ 70 (plateia, frisas e 1º pavimento) e R$ 60 (2º pavimento); no setor Amarelo, R$ 55 (plateia), R$ 45 (frisas e 1º pavimento), R$ 40 (2º pavimento) e R$ 35 (3º pavimento); no setor Roxo, R$ 10 (1º pavimento) e R$ 5 (2º e 3º pavimentos e camarotes extras do 1º e 2º pavimentos).
Os bilhetes podem ser adquiridos na bilheteria do teatro, a partir de 9h, e na loja BestSeat, no Millennium Shopping, a partir de 10h.
Outras informações podem ser obtidas por meio dos telefones:
(92) 3232-1768 e 8243-2881.
via Em Tempo
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