Diversas iniciativas relembram, hoje, o Massacre de Eldorado dos Carajás

Como todos os anos, acontece hoje (17) uma celebração ecumênica e um ato político na Curva do “S”, em Eldorado dos Carajás, no sul do Pará, em memória aos 19 trabalhadores sem-terra que foram assassinados por policiais militares em 17 de abril de 1996. Diversos movimentos sociais participam do evento, como forma de lembrar o fato que ficou internacionalmente conhecido como o Massacre de Eldorado dos Carajás.

Desde o último dia 10, jovens do Movimento Sem-Terra (MST) participam do Acampamento da Juventude, montado na entrada da vila 17 de Abril, como parte da programação alusiva ao massacre. A partir das 7h, eles coordenam uma marcha que parte do acampamento até a Curva do “S”. Além da celebração ecumênica e do ato político, atividades culturais também fazem parte da programação, como apresentações de carimbó e Hip Hop.

“Diversos movimentos sociais participam do ato para fortalecer o trabalho de manter o significado da Curva do “S”, por meio de uma simbologia da vida, representando o espaço como espaço de vida. Temos que regar esse fato para não deixar o massacre dos trabalhadores cair no esquecimento e também para mostrar que a luta continua”, explica Maria Raimunda Cesar, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST).

Para Charles Trocate, também da coordenação nacional do MST, o dia do massacre é uma síntese de como a burguesia se comporta em toda a história diante dos que reivindicam direitos. “Esse comportamento é resumido em três ações: cooptação, repressão e eliminação física. O dia 17 de abril é quando grupos do mundo inteiro protestam por terra, por reforma agrária, pela soberania alimentar. E se o Estado reconheceu um dia de luta camponesa, não é crime lutar por reforma agrária”, observa.

EM BELÉM

Ontem, uma caravana com 800 membros do movimento começou a chegar à cidade, para a construção de um grande acampamento na Praça da Leitura, em São Brás. Lá, trabalhadores rurais de municípios como Abaetetuba, Moju, Barcarena, Tailândia entre outros, farão um ato inter-religioso, às 17h de hoje, para lembrar o dia do massacre.

O MASSACRE

Há quatorze anos, dezenove sem-terra morreram em confronto entre 155 policiais militares e cerca de 1.500 trabalhadores rurais, que estavam acampados em Eldorado dos Carajás e decidiram fazer uma marcha na rodovia PA-150 em protesto contra a morosidade na desapropriação de terras, em especial a da Fazenda Macaxeira. Além dos mortos, vários trabalhadores ficaram feridos.

via Diário do Pará
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