CENA/USP utiliza rede de monitoramento para pesquisar Amazônia
Imagine um grupo de estudo que tenha por objetivo pesquisar a maior bacia hidrográfica do mundo, com o árduo propósito de medir o balanço de carbono da floresta amazônica. A empreitada pode parecer incalculável se imaginarmos as proporções gigantescas existentes na área.
Para tanto, com o intuito de gerar, por meio de um monitoramento contínuo, e divulgar informações sobre a dinâmica do carbono nos rios da região, integrando estes dados com aqueles provenientes das florestas, criou-se um conceito de rede de monitoramento com parceiros locais, chamada "Rede Beija-Rio".
A iniciativa partiu do Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA), que se tornou programa de governo em 2007, como explica o pesquisador Alex Krusche, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo (Cena/USP).
"O embrião surgiu nos anos 80, por meio de uma cooperação do Cena com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e a Universidade de Washington, para anos depois se transformar em uma componente importante de uma das maiores experiências científicas do mundo na área ambiental", explica Krusche. "Denominado Large Scale Biosphere-Atmosphere Experiment in Amazonia, o LBA surgiu do agrupamento de pesquisadores do mundo todo, que resolveram se unir para compartilhar as informações obtidas em experimentos diversos realizados na Amazônia brasileira", define.
Entre os parceiros envolvidos no programa, destacam-se a Nasa, o NSF e instituições dos Estados Unidos e Europa que, juntas, já concluíram mais de 100 projetos de pesquisa. No Brasil, participam o Cena, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), o Museu Paraense Emilio Goeldi (MPEG), a Universidade Federal do Acre (UFC), a Universidade Federal de Rondônia (Unir), a Universidade Estadual do Mato Grosso (Unemat), a Universidade Federal do Tocantins (UFT), a Embrapa, pelos seus centros em Belém e Corumbá, e a Escola Agrotécnica Federal de São Gabriel da Cachoeira. Em breve, devem se juntar ao projeto a Universidade Federal do Amapá (Unifap) e a Universidade Estadual do Pará (Uepa).
Atualmente, o Cena atua na Amazônia com parceiros locais, arregimentados em institutos de pesquisa, centros de estudo e universidades. "Em 2004, criamos uma rede de amostragem, com a qual oferecemos o treinamento e o kit de coleta. Desta forma, é possível que diversos locais sejam amostrados simultaneamente, empregando exatamente a mesma metodologia. Este esforço pretende se estender por, no mínimo, dez anos, para formar uma base de dados que permita entender como funcionam estes ecossistemas ao longo do tempo e como respondem a mudanças climáticas. Em última instância, modelos matemáticos que descrevam este funcionamento vão ser elaborados e testados com dados reais", diz o pesquisador, informando as vantagens da metodologia padronizada.
Outra característica surgida por meio dessa forma de trabalho foi a geração de uma massa crítica mais ampla, sedenta de informações sobre a dinâmica do carbono em rios, com o seu monitoramento contínuo. "Muitos desses parceiros, que eram voluntários, começaram a migrar para o Cena, interessados em realizar projetos de iniciação científica e, posteriormente, dissertações de mestrado e teses de doutorado", conclui Krusche.
via Envolverde/Maxpress
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