25 de Agosto de 2009 — Vincent Carelli fala sobre a realização do seu longa Corumbiara, no Zoom. O Zoom é uma produção da TV Cultura.
Mais informações em http://www.tvcultura.com.br/zoom
Vencedor do Festival de Gramado, documentário “Corumbiara” entra em cartaz amanhã no Santander
Corumbiara estreia amanhã só no Cine Santander, mas o diretor Vincent Carelli está feliz da vida com o espaço conquistado. – Temia que este trabalho ficasse restrito ao universo dos filmes étnicos – diz. – A denúncia que fazemos merece chegar ao conhecimento de mais pessoas.Carelli tem 55 anos, 40 de militância pela causa indígena. Nasceu na França, mas mora no Brasil desde criança, para onde veio com a mãe, francesa, e o pai, brasileiro. Fotógrafo de formação – “não sou cineasta, nem antropólogo; sou indigenista”, define-se, com fala mansa e voz baixa –, foi um dos fundadores da Vídeo nas Aldeias, cooperativa criada em 1986 que usa meios audiovisuais para documentar as atividades e preservar a memória dos índios no país.
Corumbiara nasceu simples assim, como um vídeo sobre o fim de uma tribo da gleba homônima localizada em Rondônia nos anos 1980. Cresceu e ganhou o formato de um longa-metragem quando vieram à tona evidências de um massacre, reveladas sobretudo pelo trabalho do também indigenista Marcelo Santos, parceiro do diretor na empreitada.
– O filme se tornou um documento sobre o extermínio de um povo, o único possível já que o caso não foi solucionado pela polícia, muito menos pela Justiça. Produzi-lo foi a resposta que encontramos para chegar a algo minimamente próximo à justiça – afirma Carelli.
Corumbiara foi o grande vencedor do último Festival de Gramado, com quatro Kikitos conquistados (melhor filme, direção, montagem e júri popular), além de uma ovação por parte dos espectadores que resistiram aos 117 minutos do longa no Palácio dos Festivais. O que os emocionou foram sobretudo as imagens impressionantes do encontro dos índios sobreviventes com a equipe do documentário, provavelmente o primeiro contato estabelecido por eles com o homem branco, marcado por uma mistura de curiosidade, surpresa e pavor. E, claro, a clareza com que a história toda é apresentada – ao se assistir ao filme, não restam dúvidas sobre quem foram os proprietários de terra da região responsáveis pelo massacre, e a ganância que os motivou a liquidar aqueles que “insistiam” em ocupar o seu território.
Quem viu o também vencedor de Gramado Serras da Desordem (2006), de Andrea Tonacci, que conta a descoberta de um índio nômade que escapou de uma matança e andou pelo Brasil durante mais de uma década, vai notar semelhanças entre os longas – mas que se restringem ao tema.
– Serras é um filme de autor de cinema, Corumbiara é menos pretensioso nesse sentido, é mais didático, digamos – diz Carelli, que no entanto confirma que o longa de Tonacci serviu de inspiração para o projeto. – Ele é um parceiro antigo da Vídeo nas Aldeias. A visibilidade que obteve nos deu um empurrão para levar nosso filme a plateias maiores. Queremos mesmo que as pessoas vejam Corumbiara, conheçam essa história absurda. É uma vergonha que nós, os homens responsáveis pelos crimes que se cometeram contra os índios, precisamos passar.
via Zero Hora
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