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Clipping | Fórum Internacional de Sustentabilidade Manaus

10 | Notícias | 26/03/10 14:35

Fórum internacional em Manaus busca opções sustentáveis para a Amazônia

...desenvolvimento econômico da região amazônica. É o Fórum Internacional de Sustentabilidade. Uma das estrelas dos debates...Estados Unidos e Prêmio Nobel da Paz de 2007, Al Gore. Veja...James Cameron participam de fórum ambiental em Manaus Responsável... 

20 | Notícias | 02/02/10 09:58

Mantega: país se recupera, mas não há superaquecimento

...que a redução da alíquota do Imposto sobre Produtos...ano não fugirá da meta, "mesmo que...onde participou do Fórum Econômico Mundial...tanta confiança internacional no Brasil quanto agora...brasileiro pela sustentabilidade da economia e para... 

 



James Cameron, diretor de Avatar, pede que Lula reconsidere "Belo Monte"

O cineasta James Cameron, diretor de “Avatar”, pediu
neste sábado (27.03.10), que o governo brasileiro volte
a refletir sobre a construção da usina de Belo Monte, no Pará.
“Imploro que o presidente Lula reconsidere esta obra”, disse,
depois de apontar que a megausina, que deve ser licitada em breve, causará o desvio das águas do Rio Xingu e pode afetar 25 mil moradores locais. A jornalistas ele explicou que amigos ambientalistas lhe falaram do projeto, e que pretende ir até a região para conhecer melhor os problemas que o empreendimento pode causar. O cineasta se disse entusiasta de formas alternativas de energia, como a eólica e a solar, embora considere a hidrelétrica também adequada para regiões de menor impacto, como o deserto.
Cameron participa do Fórum Internacional de Sustentabilidade, encontro de empresários para discutir temas relacionados ao meio ambiente, em Manaus. Durante sua fala, ele admitiu que não é ambientalista ou economista para dar recomendações e, em outro momento, ressaltou saber que os brasileiros não simpatizam com a ideia de que americanos, que são os maiores poluidores do planeta, lhes digam o que fazer para preservar a natureza. Embora canadense, Cameron reside há décadas nos EUA.
Ele afirmou também que o Brasil “deve ser celebrado por causa de seu uso de biocombustíveis”. O cineasta reforçou acreditar que a humanidade está levando a humanidade ao seu limite. “O que acontece quando a capacidade de suportar deste planeta for excedida?”, perguntou. Cameron criticou, em especial, a forma como se lida com a energia. “Não podemos trazer a alface da nossa salada de três mil milhas de distância”, afirmou. “Avatar”, explicou, diferentemente de “Verdade Inconveniente”, o filme de Al Gore, não pretende munir o expectador com informações sobre as mudanças climáticas e o meio ambiente, mas criar indignação. “Foi criado para trazer uma resposta emocional, visceral”, disse. “Acredito que está na hora de acordarmos e prestarmos atenção no que está acontecendo”.
Mais uma vez, o diretor rejeitou a possibilidade de rodar uma continuação de “Avatar” na Amazônia brasileira, ou mesmo na Venezuela, como diziam rumores nos últimos dias. Ele ressaltou que o longa foi feito com computação gráfica e que “nem uma folha” que aparece durante a aventura é real. O governador do Amazonas, Eduardo Braga, convidou o canadense a produzir um filme no estado, e Cameron não descartou. “Talvez um documentário”, disse. Ainda sobre “Avatar 2”, o diretor adiantou que o novo longa deve mostrar, além da floresta, também a vida no oceano de Pandora, o planeta fictício onde a trama da primeira parte se desenvolve.
Fonte: Globo News Online 
leia a matéria original: http://tinyurl.com/yjzboqo


Fórum Internacional de Sustentabilidade

segunda-feira, 29 de março de 2010
Na luta contra o aquecimento global e das mudanças climáticas e em busca da sustentabilidade das ações de empresas responsáveis, foi válida a realização do Fórum Internacional de Sustentabilidade acontecido na semana passada em Manaus.
Destaco as participações de Adalberto Val do INPA, do Paulo Adário do Greenpeace, Roberto Cavalcante da Conservation International pelas suas intervenções, alem da defesa do REDD+ realizado por Virgílio Viana da Fundação Amazonas Sustentável.
No plano internacional, gostei bastante da palestra técnica do ex-vice-presidente e prêmio Nobel da Paz Al Gore, que despertou atenção daqueles engajados na causa ambiental, parabenizo a apresentação de Tomas Lovejoy e Mark London, além das intervenções de Jaques Custeau e fechando o quadro o diretor de cinema e do filme Avatar James Cameron, todos passando uma boa mensagem e da necessidade de trabalhar rápido contra o aquecimento global e as mudanças climáticas.
Por ser um evento mais empresarial do que ambiental, a abordagem ambiental ficou mais no plano de intenção do que ação, exceto por compromisso do Walmart em buscar parceria com Estado para distribuição de peixe amazônico na rede de supermercados.
Eduardo Braga fez uma boa apresentação, uma espécie de resumo das suas ações no governo, com destaque ao Zona Franca Verde, UEA e Prosamim, que destaco ser o melhor programa social e habitacional, todavia, quanto ao ambiental, ainda falta muito, por fim, temos que reconhecer que Braga realmente colocou o Amazonas como um player da questão ambiental nos planos nacional e internacional.

Enquanto isso.....
Senador Aloisio Mercadante (PT-SP) ganhou disparado o prêmio “O Mais Sem Noção do Fórum” pela sua defesa das ZPE’s Zonas de Processamento de Exportação que concorrerá diretamente com o Polo Industrial de Manaus e depois, soltou uma pérola que merece uma vaia, ao citar Carajás como um exemplo de sustentabilidade, isso mostra o desconhecimento do impacto ambiental profundo da mineradora Vale.
Secretária de Meio Ambiente do Amazonas, Nádia Ferreira fica em segundo lugar, por achar que fazer 50% dos planos de uso da UC_Unidades de Conservação do Estado merece status de uma grande notícia num grande evento, foi a primeira vez que vi alguém cumprir metade do plano e querer aplausos e notícias por isso. Além disso, pecou por querer fazer proselitismo, ao direcionar pergunta ao governador.
Políticos do Estado que se converteram em neoambientalistas ficam em terceiro lugar, pelo oportunismo de se fazerem presentes ao fórum, alguns "sem noção" que não saberiam nem definir o que seja sustentabilidade.

Por fim, um Fórum Internacional de Sustentabilidade na Amazônia sem a presença de Marina Silva perde um pouco da sua credibilidade, uma falha imperdoável da organização. 
 
(...)
 
Acontece nos dias 26 e 27 de Março em Manaus, o Fórum Internacional de Sustentabilidade, numa iniciativa da LIDE_ Grupo de Líderes Empresariais e com apoio institucional do Governo do Amazonas.
O Fórum receberá cerca de 300 dos maiores empresários, executivos e lideranças políticas do Brasil, Os dois dias de seminário terão como objetivo difundir práticas e mecanismos bem sucedidos de desenvolvimento sustentável na Amazônia, bem como demonstrar o valor econômico e ambiental da floresta em pé e suas implicações para a região e para o mundo. Os organizadores desejam criar um compromisso político com o desenvolvimento sustentável da Amazônia.
Personalidades como Al Gore, ex-vice presidente do Estados Unidos e prêmio Nobel da Paz, Thomas Lovejoy, respeitado ambientalista, James Cameron, cineasta e diretor de AVATAR, o maior sucesso de bilheteria dos últimos tempos, Virgílio Viana, diretor da Fundação Amazonas Sustentável,além de outras lideranças farão parte do grupo de debatedores.
Um encontro desse nível, com representantes do mundo empresarial, politico e ambiental, demonstra a importância da Amazônia para o planeta.
Eu vou estar lá, representando a ONG Amigos da Amazônia, na condição de Presidente, esperando contribuir com a "Carta do Amazonas", o documento final do seminário.
 
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UrbanPost, Última atualização: 27/3/2010 21:53

Fórum Internacional de Sustentabilidade termina com ‘sensação de dever cumprido’, diz Braga

Fórum Internacional de Sustentabilidade termina com ‘sensação de  dever cumprido’, diz Braga
Rafael Nobre, especial para o UrbanPost
de Manaus
O Fórum Internacional de Sustentabilidade encerrou-se na noite deste sábado (27), em Manaus, e produziu a “Carta do Amazonas – Apresentação do manifesto pelo desenvolvimento sustentável da Amazônia”, documento que conclui as atividades e firma as próximas ações em relação às questões ambientais.
“Hoje, a floresta Amazônica está sob ameaça de atividades predatórias que visam o lucro imediato, sem preocupação com o impacto que causam. Declaramos tal situação ser insustentável e intolerável, e nos comprometemos como cidadãos, líderes, homens e mulheres conscientes, a defender a integridade dos ecossistemas amazônicos”, diz um dos trechos do documento, impresso em papel com mais um menos um metro de comprimento e assinado pelos participantes do forum.
O governador do Amazonas, Eduardo Braga (PMDB), entregou simbolicamente a carta aos participantes do evento e afirmou que cada uma das pessoas naquele local podiam ganhar uma condecoração. “Cada um de nós já pode ganhar a medalha da maratona da sustentabilidade, por estar aqui esses dois dias debatendo o futuro do meio ambiente, mostrando que estamos preocupados com esta questão e queremos fazer algo para mudar nossa realidade”, declarou.
Braga disse, ainda, que foi necessário estruturar um evento de abrangência internacional para que Al Gore viesse ao Brasil, depois de 20 anos , a contar de sua última estada na Amazônia. “A presença de Al Gore e James Cameron no Fórum serviu para nos certificarmos de que estamos no caminho certo e de que aqui nós tratamos de assuntos sérios”, completou.
“Estamos encerrando o evento com a sensação de dever cumprido e certos de que outros fóruns como esse acontecerão nos próximos anos”, frisou o governador do Amazonas.
Hora do Planeta - Os 600 participantes do evento foram convidados para prestigiar a Orquestra Amazonas Filarmônica e Corpo de Dança do Amazonas, no Teatro Amazonas, localizado no Centro de Manaus. A iluminação interna do teatro foi desligada durante um minuto, exatamente as 20h30min, e os holofotes externos permanecerão apagados por uma hora, como parte integrante das atividades da Hora do Planeta, realizada em várias cidades do mundo. Os bois Garantido e Caprichoso, da ilha de Parintins (AM), também farão apresentações culturais para os empresários e pesquisadores no teatro.



Amazônia ainda busca modelo sustentável de desenvolvimento

É difícil encontrar na Amazônia quem defenda um modelo predatório de ocupação e desenvolvimento. De caboclos a fazendeiros, passando por multinacionais e políticos, o apoio à preservação e à idéia de desenvolvimento sustentável permeia quase todos os discursos.
Mas a região vive um grande descompasso entre discurso e ação. O desmatamento voltou a crescer nos últimos 12 meses, há conflitos fundiários sérios, muita violência e problemas ecológicos, sociais e econômicos com o crescimento dos agronegócios ou da exploração predatória da selva.
"A Amazônia precisa de um novo modelo de desenvolvimento", acredita Paulo Adario, diretor da Campanha Amazônia do Greenpeace Brasil. "Acho que ainda existe uma discussão falsa, em que se contrapõem desenvolvimento e preservação. A visão de que a floresta é uma barreira ao desenvolvimento é antiga, dos anos 70, e é falsa."
No entanto, a busca por um novo modelo de desenvolvimento ainda é embrionário e a maior parte do crescimento econômico da região amazônica (que é maior do que média nacional) continua baseado na expansão de atividades tradicionais, como a exploração de madeira, a mineração, a criação extensiva de gado e a agricultura.
"A grande questão é como fazer a floresta valer mais em pé do que cortada", resume Virgílio Viana, coordenador do Fundo Amazônia Sustentável (FAS), uma ONG criada para gerenciar o Bolsa Floresta, um programa de transferência de renda a famílias e comunidades que protegem a mata em áreas de preservação.
Idéias
Segundo especialistas, existe um ciclo bem estabelecido de exploração econômica na Amazônia. O primeiro passo em geral é a exploração da madeira.
A segunda fase depende da capacidade do produtor. No caso de agricultores de menor porte, essa fase é a de exploração do solo para o plantio. Quando esse solo se esgota, em geral por causa da falta do uso de tecnologia agrícola, entra o gado.
Há locais em que o gado pode ser substituído pela agricultura industrializada, como tem acontecido em áreas de soja no Pará, onde fazendeiros de maior porte e com mais capital limpam as pastagens para transformá-las em plantações mecanizadas.
Para romper esse ciclo vicioso, há muitas propostas na região, a maioria ainda no nascedouro. Um exemplo é o Bolsa Floresta. O programa criado pelo governo do Amazonas prevê o pagamento de R$ 50 como compensação para famílias que vivem em áreas de reservas estaduais e não desmatem. O plano também prevê ajuda às comunidades na criação de alternativas de renda e infra-estrutura social.
O plano, porém, é recente e esbarra na falta de documentação da população local. "Um dos problemas é que a pessoa precisa ter CPF para se inscrever, e o plano está andando devagar já que muita gente não tem", diz o governador do Estado, Eduardo Braga.
Na opinião de Everaldo de Souza Martins Filho, secretário de Planejamento de Santarém, no Pará, é preciso encontrar um equilíbrio entre fortalecer a agricultura familiar e explorar de forma sustentável as áreas que já estão alteradas.
"Apenas no município de Santarém temos um enorme área que já foi mexida, mas que não é explorada. Podemos aumentar muito a nossa produção agrícola sem cortar mais nada", ele diz.
Representantes do Sindicato dos Produtores Rurais da cidade defendem a mesma coisa. Eles afirmam que o município de 2,5 milhões de hectares tem cerca de 600 mil já sem floresta (alguns estimam que esse número seja menor, cerca de 400 mil hectares).
"Dessa área, só usamos para plantação e gado 200 mil hectares", afirma João Clóvis Duarte, vice-presidente do Sindicato. O restante está abandonado.
Segundo Adario, do Greenpeace, o problema é que usar e recuperar áreas abertas que já foram exauridas pela agricultura intensiva pode ser até 6,5 vezes mais caro do que abrir novas áreas.
Barreiras
A lista de receitas e idéias sobre o que pode ser feito na região é longa. ONGs e governos locais defendem desde a exploração sustentável da madeira até o desenvolvimento de produtos de alto valor agregado a partir de plantas e árvores amazônicas. No entanto, além do aumento das áreas de preservação e do desenvolvimento de alguns projetos pontuais, vê-se pouca mudança.
A incipiência das alternativas econômicas tem várias explicações. Na visão do ministro de Assuntos Estratégicos da Presidência, Roberto Mangabeira Unger, existem três problemas básicos que impedem a criação de uma nova dinâmica econômica na região.
"A primeira é a questão da propriedade da terra, já que falta a definição de quem são os proprietários. A segunda é a falta de um zoneamento ecológico e econômico da Amazônia. E a terceira é ausência de um regime regulatório e fiscal que garanta que a floresta em pé valha mais do que a floresta cortada", diz Unger.
Como coordenador do Plano Amazônia Sustentável (PAS), um projeto para desenvolver a região de forma equilibrada, ele diz que está buscando soluções no curto prazo para resolver esses problemas e poder implementar projetos que ajudem a região a se desenvolver.
O desafio poderá ser maior do que o ministro está antecipando. Em Santarém há agricultores com terras de mil hectares que estão esperando há 15 anos pela regularização de suas propriedades. Na Amazônia, os projetos e as políticas de mudança têm sempre sido muito mais lentos do que as motosserras.

Por Edson Porto, http://www.bbc.co.uk/portuguese, Última atualização: 21/4/2009 1:20

Amazônia é 'lixeira' de políticas públicas, diz economista

O economista e presidente da Assembléia Constituinte do Equador, Alberto Acosta, braço direito do presidente Rafael Correa, diz que a Amazônia tornou-se "uma lixeira de políticas públicas".
Em entrevista à BBC Brasil, o especialista em Amazônia defendeu para a região o que chama de "desenvolvimento glocal": um modelo que atenda à crescente demanda do mundo globalizado por recursos naturais respeitando as populações locais e a sua relação com a natureza.
"Tivemos no passado um processo de depredação organizado sistematicamente pelo Estado, que transformou a Amazônia em uma lixeira de políticas públicas", afirmou.
"Nós sempre imaginamos que no subsolo da Amazônia há riquezas petroleiras e minerais, e há sim. Mas o que esses recursos geram são fluxos financeiros que não se traduzem em desenvolvimento, em reinvestimento produtivo sustentável."
No Equador, um país onde o petróleo - extraído da região amazônica - responde por um em cada dois dólares recebidos com exportações, o dilema é real.
O governo equatoriano tem buscado soluções para compensar a perda de receita caso proíba atividades de extração de petróleo em áreas protegidas, uma demanda freqüente entre comunidades indígenas que enfatizam sua ligação com a terra e a natureza.
"Há 40 anos começou a fluir petróleo da Amazônia. Já extraímos mais de 4 bilhões de barris, recebemos mais de US$ 82 bilhões em termos líquidos, e o desenvolvimento não aparece em lugar nenhum. O Equador não se desenvolveu, pelo contrário. Na Amazônia a situação é mais grave do que antes."
"A verdadeira riqueza da Amazônia é sua cultura, indígena ou mestiça, e sua biodiversidade. Só através da simbiose entre cultura e biodiversidade é possível aproveitar as riquezas regionais como estratégia de desenvolvimento", defende Alberto Acosta.
Recursos naturais
No Equador, as petroleiras estão aguardando para saber se o governo permitirá a exploração de petróleo no campo ITT, que fica no Parque Nacional Yasuní, uma área de proteção ambiental.
Os investimentos estão em marcha lenta até que a Constituinte presidida por Acosta apresente as novas regras do jogo, nos próximos meses.
O governo equatoriano diz que pode proibir a exploração em Yasuní se receber dinheiro em troca. Correa sugere um fundo internacional que garanta US$ 350 milhões ao Equador - o equivalente à metade do que o país estima que ganharia com a atividade petroleira no local.
O problema diz respeito ao Brasil porque a Petrobras é uma das interessadas na área. Em abril de 2007, a disposição para uma parceria com a estatal Petroecuador figura nos memorandos de entendimento assinados bilateralmente.
Mas na prática a indefinição tem mantido em suspenso os investimentos da Petrobras inclusive no campo 31, um bloco que fica na fronteira com Yasuní.
A única extração da Petrobras no Equador é realizada no bloco 18, e ainda assim a atividade é pequena - apenas 35 mil barris diários, em 700 mil barris diários produzidos no Equador.
"Somos muito firmes em lutar para que não se produza petróleo da Amazônia", afirma Alberto Acosta, para quem a extração de petróleo é apenas um aspecto da insustentabilidade do que considera um modelo extracionista aplicado na região.
"Por conta das atividades produtivas baseadas no monocultivo e da extração de madeira, a Amazônia tem índices de desmatamento enormes, de deterioro ambiental muito grande. Justamente nas províncias amazônicas, Sucumbíos e Orellana, se registram os maiores índices de pobreza do Equador."
Poder indígena
Em um livro escrito em 2005, Acosta reconheceu que seu discurso sobre a Amazônia mudou com o tempo.
De funcionário da PetroEcuador - "empresa à qual interessava e interessa, sem maiores preocupações ecológicas, maximizar a extração de petróleo na região", escreveu, fazendo um mea culpa -, ele se transformou em um dos mais duros críticos da atividade econômica na floresta.
O novo discurso acompanha as mudanças políticas no Equador, um país no qual a ascensão política da maioria indígena levou à eleição de presidentes que reivindicam soberania sobre os recursos naturais.
É o movimento étnico que encabeça, por exemplo, uma ação na Justiça que espera abocanhar da petroleira americana Chevron uma indenização de US$ 16 bilhões por danos ambientais causados pela Texaco - hoje sua controlada - em duas décadas de operação na Amazônia, entre 1972 e 1990.
Cerca de 30 mil habitantes da Amazônia alegam que foram prejudicados pela contaminação do meio ambiente e pela destruição do patrimônio cultural dos povos nativos. Espera-se que a sentença saia em 2009.
"Os camponeses e indígenas estão assentados em áreas que serão fortemente afetadas por modelos, digamos, extracionistas de matérias-primas", afirma Ricardo Carrillo, porta-voz do principal partido indígena do Equador, Pachakutik.
"O desenvolvimento econômico afeta muito os setores rurais e por isso uma das relações fundamentais do Equador tem de ser com o meio ambiente. Isso nunca foi tomado em conta."
'Maldição da abundância'
Acosta afirma que muitos países "estão dando um passo em direção ao 'neodesenvolvimentismo'". "É mais ou menos fazer o que se fez no passado: fortalecer o papel do Estado, impulsionar os mercados domésticos e forçar um crescimento econômico muito vigoroso", diz.
"Mas em outros países há os que estamos envolvidos com mudanças, e achamos que é preciso fazer diferente. Não é fazer bem o que se fez antes, e sim fazer coisas novas, que passam, por exemplo, pelo respeito à natureza."
Manifestado entre palavras cautelosas, existem temores latentes de que a expansão de países maiores, e em especial do Brasil - nação com "marcado neodesenvolvimentismo", no entender de Acosta -, signifique a apropriação dos recursos naturais de vizinhos em situação de desvantagem.
"Não quero usar um termo duro, mas poderia estar se constituindo na região uma espécie de subimperialismo, e isso não é bom para a região. Se há um país grande, que tem empresas transnacionais com práticas próprias e similares às dos países ricos, esse país não estaria dentro da lógica da integração (regional)."
Há cerca de um ano e meio no governo, a equipe do presidente Rafael Correa ainda tenta definir na prática o modelo de desenvolvimento do país - uma tarefa simbolizada pela própria Assembléia Constituinte presidida por Acosta.
Ele diz que quer pôr em prática no Equador um modelo de desenvolvimento "centrado no ser humano", que fuja da "benção" e da "maldição" que os recursos naturais significam para os países sul-americanos.
"Nós, como o Brasil, como a Argentina, como o Chile, somos exportadores de bens primários: cacau, banana, balsa, café, petróleo. Enquanto financiarmos nossas economias com esses bens naturais, não vamos nos desenvolver", diz Acosta.
"Estamos presos na maldição da abundância. Somos países pobres porque somos ricos em recursos naturais, e não aproveitamos nossas verdadeiras capacidades, nossa verdadeira riqueza, que não está nos recursos naturais, e sim no ser humano."

Por Pablo Uchoa, http://www.bbc.co.uk/portuguese, Última atualização: 21/4/2009 1:44

Amazônia já está 'internacionalizada', dizem ONGs

O debate sobre o futuro da Amazônia já está internacionalizado seja pela importância que ganhou a questão do aquecimento global ou pela atuação de multinacionais na região, dizem ambientalistas entrevistados pela BBC Brasil.
"O Brasil se incomoda porque sabe que não tem soberania plena. Sabe que se quiser desmatar tudo, vai ter problemas (com a comunidade internacional)", afirma o pesquisador Paulo Barreto, do Imazon.
Ele cita como o exemplo o fato de qualquer acesso a crédito para projetos na Amazônia depender hoje de estudos sobre os impactos ambientais.
Além disso, diz Barreto, o próprio governo brasileiro tem interesse em mostrar ao mundo que é capaz de fazer uma boa gestão da Amazônia para conseguir levar adiante sua ambição de desempenhar um papel maior no cenário internacional.
"O Brasil quer se colocar como um ator importante em relação a temas internacionais e a Amazônia é uma questão crítica para o país ter esse posicionamento estratégico. A gente tem que demonstrar que cuida da Amazônia."
Paulo Adário, do Greenpeace, argumenta que a economia da Amazônia é tão ou mais globalizada do que a de outras regiões já que os principais produtos da região - soja, madeira e carne - são commodities no mercado internacional.
"Só que quando esses setores vão para a mídia, eles não falam das multinacionais, falam das ONGs", afirma Adário, ressaltando o fato de as maiores empresas da soja serem estrangeiras - Cargill, Bunge, ADM e Dreyfuss.
Barreto, do Imazon, diz não acreditar que essa internacionalização se traduza numa ocupação física, pelo menos não por enquanto.
"Não vejo nenhum plano de ocupar a Amazônia, pelo menos não no curto e médio prazo. Mas se o Brasil não cuidar da Amazônia, com uma política clara, imagino que possa haver no longo prazo."
Para os dois pesquisadores, a polêmica em torno da compra de terras por estrangeiros na Amazônia e a preocupação quanto a ingerências internacionais na região são riscos marginais que estão sendo extrapolados pelo governo.
A lei atual restringe a aquisição ou exploração de terras por estrangeiros na chamada faixa de fronteira, faixa de 150 km de largura, paralela à linha divisória terrestre do território nacional.
Uma empresa com sede no Brasil e capital estrangeiro, porém, não estaria sujeita a essas restrições desde que 51% do capital pertença a brasileiros.

Por Carolina Glycerio, http://www.bbc.co.uk/portuguese, Última atualização: 21/4/2009 0:51

Clima colocou Amazônia na agenda global

Com o aumento da preocupação mundial com o aquecimento global e com o futuro do planeta, cresceu também atenção internacional sobre a Amazônia.
Há três razões fundamentais que explicam por que a região é importante para o resto do mundo.
Primeiro: a floresta exerce um papel fundamental no ciclo de carbono que influi na formação do clima mundial.
Cerca de 200 bilhões de toneladas de carbono são absorvidas por vegetação tropical em todo o mundo, dos quais cerca de 70 bilhões apenas pelas árvores amazônicas.
Hoje, estima-se que a Amazônia absorva cerca de 10% das emissões globais de CO2 provenientes da queima de combustíveis fósseis em carros e fábricas, por exemplo.
Aquecimento global
Por outro lado, as altas taxas de desmatamentos fazem com que mais carbono se converta em dióxido de carbono, seja no momento em que as árvores são queimadas para 'limpar' áreas de floresta, seja mais lentamente através da decomposição de madeira não-queimada.
Estima-se que cerca de 20% das emissões globais de gases que causam o efeito estufa provêm da derrubada de florestas tropicais em todo o mundo.
E, segundo o IPPC - Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática da ONU - o aquecimento global está ligado diretamente à concentração de CO2 na atmosfera.
De acordo com o relatório Stern sobre a economia da mudança climática encomendado pelo governo britânico e divulgado em 2006, a perda de bosques naturais contribui mais que o setor de transporte para as emissões.
O mesmo documento alertou que, sozinha, a destruição de mata tropical pode lançar nos próximos quatro anos mais carbono na atmosfera que todos os vôos do inicio da aviação até 2025.
O desmatamento - e não a queima de combustíveis fósseis - explica por que o Brasil figura entre os cinco maiores emissores de gases que causam o efeito estufa.
Ponto de inflexão
A segunda razão é o potencial da região amazônica para agir como o que os cientistas denominam 'ponto de inflexão' para o clima global neste ano.
Um estudo divulgado em fevereiro deste ano por uma equipe de cientistas da Universidade de Oxford, do Instituto Potsdam e de outros centros de pesquisa concluiu que a floresta amazônica é a segunda área do planeta mais vulnerável à mudança climática depois do Oceano Ártico.
A idéia central é que a seca da Amazônia e/ou o aumento no desmatamento poderiam gerar um ciclo vicioso: a grande redução na área de floresta amazônica geraria um aumento significativo nas emissões de CO2, que por sua vez elevariam as temperaturas globais, que assim causariam a seca da Amazônia.
Cientistas e especialistas que trabalham em modelos de clima discordam em relação a quando este ponto de inflexão poderia ocorrer, até em relação à possibilidade de que ocorra.
O britânico Centro Hadley vê como "muito provável" que a Amazônia seja duramente afetada pela mudança climática nas próximas décadas.
Outras estimativas levando em conta todos os modelos recentes sugerem uma probabilidade de 10% a 40%.
Por baixa que seja a probabilidade, entretanto, as mudanças na Amazônia devem ter "alto impacto" no clima mundial.
Biodiversidade
Finalmente, a Amazônia é importante pela sua biodiversidade.
É a maior porção de floresta tropical, com o maior reservatório biológico da Terra - cerca de 30% das espécies terrestres de todo o mundo.
A região dá ao Brasil o título de país com maior biodiversidade do mundo, com mais de 50 mil espécies catalogadas de plantas, 1,7 mil espécies de aves e entre 500 e 700 tipos - por categorias - de anfíbios, mamíferos e répteis.
Tão grande é sua biodiversidade que um único arbusto na Amazônia pode contar mais espécies de formigas que todas as Ilhas Britânicas, enquanto um só hectare de floresta pode ter mais de 480 espécies de árvores.
Toda esta rica biodiversidade está ameaçada pela combinação destrutiva de desmatamento com mudança climática.
Mesmo com tantos pontos de interrogação sobre o futuro da Amazônia e seu efeito no clima mundial, cientistas concordam que, por causa de sua diversidade genética e o papel crucial da região na definição do clima do planeta, é urgente encontrar a melhor combinação política para conservar suficiente da floresta.

Por James Painter, http://www.bbc.co.uk/portuguese, Última atualização: 21/4/2009 1:52

Para ONGs, governo exagera preocupação com estrangeiros na Amazônia

A polêmica em torno da compra de terras por estrangeiros na Amazônia e a preocupação quanto a ingerências internacionais na região são riscos marginais que estão sendo extrapolados pelo governo, na opinião de organizações não-governamentais ouvidas pela BBC Brasil.
Para Paulo Adário, do Greenpeace, a importância dessas questões está novamente sendo exagerada para atender a interesses "oportunistas" dentro e fora do governo ligados à exploração econômica da Amazônia.
"Todo mundo que quer impedir demarcação de terras indígenas ou de reservas para preservação, todos que têm interesses que passam pela exploração da Amazônia vão usar a carta da internacionalização", afirma Adário, coordenador da ONG de origem canadense para a Amazônia.
"Tem setores do Brasil que sempre tiveram preocupação e usaram essa discussão para o seu próprio interesse. Setores do governo estão usando isso também."
Para Adário, o debate está "tingido por uma cor ideológica", mas o que realmente existe é "uma grande paranóia", alimentada pelo que chama de setores conservadores "para esconder interesses escusos".
"A segurança nacional está sendo ameaçada por interesses externos ou por que nós, brasileiros, estamos destruindo o nosso patrimônio, que é a maior reserva de biodiversidade do planeta?"
Notícias ruins
O pesquisador do Imazon e co-autor de um estudo sobre a situação fundiária na Amazônia Paulo Barreto diz que o governo brasileiro está tentando mostrar ao mundo que tem controle da situação na Amazônia.
"Como as notícias não têm sido boas, o Brasil procura fortalecer a imagem de que está tomando conta. Isso aflora mais ainda com a discussão sobre o potencial impacto (indireto) dos biocombustíveis na Amazônia."
Barreto também diz acreditar que o foco do discurso está no lugar errado. "Estou mais preocupado com brasileiro ocupando terra brasileira de forma irregular."
"Quem está aqui no dia-a-dia sabe que a maior ameaça é a falta de Estado na Amazônia."
Segundo o pesquisador, para praticar atividades ilegais como biopirataria e extração clandestina de madeira, não é preciso ser dono da terra. "Capital sério estrangeiro (em grande escala) não vai investir nesse caos aqui. Brasileiro sério já tem dificuldade de comprar terra (regular) na Amazônia."
"Não acho que seja ruim ou bom se (a empresa proprietária) é nacional ou multinacional, se as duas forem destrutivas, as duas são ruins", concorda Paulo Adário. "Acho que tem muito de xenofobia aí."
'Palpites'
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em discurso na semana passada, disse que "o mundo precisa saber que a Amazônia tem dono" e criticou o excesso de "palpites" sobre o que deve ser feito com a região.
As declarações do presidente foram feitas em meio à repercussão internacional negativa da queda da ministra Marina Silva e à publicação de uma série de artigos em veículos estrangeiros, como Financial Times, The Economist e The New York Times, questionando a capacidade do governo brasileiro de conter o desmatamento na Amazônia.
O governo vem dizendo, desde dezembro, que pretende aumentar a fiscalização da atuação de ONGs estrangeiras e nacionais na Amazônia. E que é o Brasil que deve definir o processo de proteção e desenvolvimento da região.
Também vem se acirrando a polêmica em torno da necessidade de maior rigor a aquisição de terras brasileiras por estrangeiros. Na semana passada, o Ibama multou em R$ 380 milhões a empresa Gethal, atribuída ao empresário sueco-britânico Johan Eliasch.
Para Paulo Barreto do Imazon, seria suficiente cumprir as leis que já existem, inclusive a que rege a venda de terras a estrangeiros, antes de criar uma nova.
'Interdependência'
Adário, do Greenpeace, diz que o Brasil, como detentor da maior parte da Amazônia, tem de tranquilizar o mundo de que está gerindo bem a floresta. "A importância da Amazônia para o meio ambiente é global", diz Adário. "Existe uma interdependência, como na questão nuclear."
Mas para o consultor na área de segurança internacional Heni Ozi Cukier, a postura de que o Brasil é guardião de um patrimônio global parte do pressuposto de que existe uma unanimidade em torno do aquecimento global.
"É falso dizer que essa bandeira (da defesa do meio ambiente) já foi concretizada e estabelecida", diz Cukier. "É partir do pressuposto de que eles pararam de explorar o próprio meio ambiente - o que não acontece nem aconteceu na Inglaterra, na China, nem nos Estados Unidos, que nem adotaram o Protocolo de Kyoto".
"Todos os países em desenvolvimento já agem de forma estratégica com os seus recursos naturais."

Por Carolina Glycerio, http://www.bbc.co.uk/portuguese, Última atualização: 21/4/2009 1:00
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