Mercadante e o resgate da imporetância de Pedro Teixeira

10/12/2009

Senado dá início ao resgate histórico de Pedro Teixeira, o desbravador da Amazônia

Nenhuma linha nos livros didáticos é reservada ao bandeirante-mor Pedro Teixeira, o homem que demarcou a Amazônia e a fez pertencer ao Brasil quando da assinatura do Tratado de Tordesilhas. Pedro Teixeira percorreu em 1640, a bordo de canoas e liderando uma comitiva de duas mil pessoas, todo o território amazônico a mando do reino de Portugal até chegar a Quito, no Equador, numa verdadeira jornada épica. Para resgatar e garantir o devido reconhecimento, o líder do PT e do Bloco de Apoio ao Governo, Aloizio Mercadante (SP), apresentou dois projetos de lei: um para que o nome do desbravador passe a constar do Livro dos Heróis da Pátria, o chamado Livro de Aço e, o outro, para que as façanhas de Pedro Teixeira constem dos livros didáticos brasileiros.

Ulisses Forattini Antunes, que estudou o desbravamento do Brasil no 5º ano do ensino fundamental, numa das melhores escolas de São Paulo, confirma que nunca ouviu falar desse herói. "Estudei os livros que contam que os bandeirantes vasculhavam o Brasil atrás de ouro, mas do bandeirante-mor Pedro Teixeira nunca ouvi falar", revelou.

Mas a história para fazer justiça a este luso-brasileiro começou a mudar. Por iniciativa do líder Mercadante, o Senado promoveu na manhã desta quinta-feira (10) uma sessão especial de homenagem ao desbravador.

Antes de presidir a sessão, Mercadante fez o primeiro discurso enfatizando que "tornou um lugar comum afirmar que o Brasil é carente de heróis ou, por outro lado, que somos um País sem memória, no qual os grandes vultos são rapidamente relegados ao esquecimento. Por uma e outra razão, julgo premente a incumbência de resgatar o nome semi-esquecido de um personagem cuja envergadura impressiona a todos os que tomam conhecimento de suas façanhas", afirmou.

Expedição Épica - Em seu discurso, Mercadante apresentou o quadro histórico no qual Pedro Teixeira se parece a uma figura mitológica.

Durante a União Ibérica, entre 1580 e 1640, foram desfeitos os limites impostos pelo Tratado de Tordesilhas que em 1494 havia dividido o mundo conhecido e aquele a ser descoberto pelos reinos peninsulares. O líder citou o historiador francês Pierre Chaunu, falecido recentemente, que assinalou que "o mundo jamais seria o mesmo, por ter experimentado de forma inaugural e definitiva, o maior movimento de interrelações entre culturas e povos de que se tem notícia".

É a partir de 1637 que Pedro Teixeira, nascido em Cantanhede, distrito português, ajuda a mudar a história do Brasil. Sua maior façanha foi navegar contra a corrente do Rio Amazonas. A expedição partiu do baixo Tocantins, sob sigilo, com 47 canoas, 70 soldados, 1.200 índios flexeiros e mais familiares civis, numa comitiva de duas mil pessoas.

Entre os objetivos dos argonautas, contou Mercadante, se destacavam itens de acordo com o regimento entregue ao Capitão-mor Pedro Teixeira, que fizesse o reconhecimento detalhado do rio Amazonas até Quito; que verificasse os lugares aptos para levantar fortificações de defesa; que guardasse a boa conduta dos expedicionários de modo que, de bom trato e presentes oferecidos aos indígenas, resultasse relações de amizade e paz. Por fim, a instrução secreta que ia encerrada em "carta prego" para somente ser aberta no regresso.

Foram dez mil quilômetros percorridos sinuosamente pelos rios, incluindo a subida da cordilheira andina até Quito, numa jornada vencida ao longo de 26 meses. Pedro Teixeira tinha uma vantagem contando a seu favor: falava a língua dos indígenas.

Prêmio Pedro Teixeira -  O incentivo para estudar Pedro Teixeira está posto. A empresa de telefonia Portugal Telecom criou um prêmio, que leva o nome do desbravador, para reconhecer os trabalhos de estudantes entre 12 e 18 anos como forma de estreitar os laços entre a juventude do Brasil e de Portugal.

Os vencedores brasileiros irão a Cantanhede, visitar o distrito onde nasceu o herói de duas nacionalidades. Aliás, o prefeito da cidade João Moura esteve presente na sessão. Os premiados portugueses visitarão a Amazônia brasileira, espaço de 5,2 milhões de quilômetros quadrados; que tem a maior floresta tropical do mundo; o maior corredor ecológico do planeta; que hoje tem uma população de 24 milhões de habitantes e contribui com 8% da riqueza nacional.

Sessão Especial - A sessão especial presidida pelo senador Aloizio Mercadante durou mais de três horas. Senadores de todos os partidos relembraram feitos históricos relacionados à importância da Amazônia para o Brasil e o que representa para o mundo. Pedro Teixeira fundou a cidade de Belém, capital do Pará, e seu corpo está enterrado na Igreja Nossa Senhora das Graças.

"O Brasil vive um momento singular. O nosso País saiu da condição de país do futuro para ser a nação do momento. Estamos crescendo, distribuindo renda, superando problemas históricos e temos, hoje, grande protagonismo internacional, conferindo nossa vitalidade, nossa vocação para a negociação, nossa cultura tolerante e rica, como um exemplo a ser seguido. O Brasil é a solução mas nos falta resgatar nossa autoestima e de nossos heróis, como Pedro Teixeira", disse o líder.

Representantes das Forças Armadas brasileira e do governo e de empresas portuguesas participaram da sessão especial.

11/12/2009

Conheça em detalhes a história de Pedro Teixeira


Introdução           
Pretende-se com o presente trabalho mostrar a viagem de exploração do militar português Pedro Teixeira na Amazónia, no século XVII. Não é pois, o momento de discutir a sua biografia, com nascimento em São Pedro de Cantanhede em data controversa, mas com uma data segura, a da sua partida para o Brasil em 1607. Trata-se, agora, de uma tentativa de analisar o seu papel para a afirmação da Coroa Portuguesa, ao desbravar o caminho fluvial entre a Amazónia e o Peru, de Belém até Quito, sublinhando o que isto representou para Portugal, a sua permanência naquela região e as consequências que a sua “Relação” teve no âmbito geográfico, humano, económico, cultural, histórico e social para a Coroa Ibérica.
É necessário abordar o seu percurso, para um melhor entendimento da contribuição para as ciências realizada pela grande expedição que comandou, na viagem iniciada no Grão Pará em 1637 até à foz do Grande Rio e seu retorno no ano de 1639.
Para melhor elucidação dos leitores, transcrevemos o quanto possível as redações manuscritas, inseridas nos textos dos documentos que serviram de base a esta pesquisa.
Por último, procurou-se dar uma interpretação para a relativa importância que o seu trabalho tem tido na comunidade lusitana ao serviço de Portugal, como militar, navegador, interventor e governador do Estado do Pará no decorrer do século XVII.
Falar sobre a Amazónia significa realizar uma viagem no tempo e procurar compreender o que os europeus imaginavam a respeito desse imenso território, considerado fantástico. Um fantástico construído pelas histórias desde as primeiras viagens dos espanhóis, com as maravilhas descritas por Gonzalo Diaz de Pineda, Vicente Iañes Pinzón, Diego de Lepe, Francisco Pizarro, Alonso de Mercadillo e  Francisco de Orellana, dentre outros.


Os Franceses no Maranhão

O governo português, conhecedor  dos interesse estrangeiros nas terras do norte do Brasil, sentiu necessidade de promover a efectiva ocupação do referido espaço e fê-lo através dos seus capitães e funcionários administrativos.
Os franceses chegam à Ilha de Upaon-mirim (Maranhão), à qual deram o nome de “Sant’Ana”, no dia 6 de Agosto de 1612. Seguem e aportam à Ilha Grande. Erguem uma fortaleza e um mosteiro para abrigar os frades de São Francisco dos Reformados, denominando o complexo de “Forte de São Luís”.
O governador geral Gaspar de Souza recebe instruções de Fillipe II  no dia 8 de Outubro do mesmo ano para reconquistar o Maranhão. Requisitou tropas do Rio Grande do Norte e do Ceará que chegam a Barra do Pereá em 18 de Outubro de 1614, desembarcando em Guaxemduba, no Maranhão no dia 26. Imediatamente, o engenheiro do Estado Português Francisco de Frias de Mesquita inicia a construção do “Forte Santa Maria”.
O governador geral convoca Francisco Roso Caldeira Castelo Branco, que se encontrava em Pernambuco para rumar ao Maranhão, levando homens e munições a fim de apoiar Jerónimo de Albuquerque. Este forma a comitiva com vários militares dentre eles o alferes Pedro Teixeira, os missionários Frei Cosme de São Damião e Frei Manuel da Piedade, sob o comando de Alexandre de Moura.
Partem a 16 de Outubro de 1615 para a ilha do “Pereá”, no Maranhão. No dia 1 de Novembro, com 90 elementos,  encorajados pelos frades  que participavam activamente na jornada, ministrando os ofícios religiosos aos soldados e aos ameríndios, cercam o Forte pelo lado do mar. O comandante Daniel de La Thouche, Senhor de La Ravardière, vendo perdidas as esperanças na luta, entrega o “Forte de São Luís” aos portugueses. Alexandre de Moura, em seguida, baptiza o forte com o nome de “Forte de São Filipe” em homenagem ao Rei D. Filipe II. Estava concretizada a primeira conquista para Portugal, na Amazónia.


Fundação de Belém

Uma vez expulsos os franceses do Maranhão, tornava-se imperioso que os portugueses partissem para ocupar as terras do norte do Brasil com o objectivo de fixação da soberania lusitana.
A 15 de Dezembro de 1615, Alexandre de Moura reúne seus auxiliares no ”Forte de São Filipe” com a finalidade de traçar os planos da nova conquista. Deu conhecimento da cláusula principal do  “Regimento” : “...que se fizesse a jornada ao Gram Pará e Rio das Amazonas e se botasse delles os estrangeiros que aly residem”. E adverte: “porque parece cae na demarcação de Castela”. Em consenso geral, Francisco Caldeira Castelo Branco, capitão-mor por suas experiências nas lutas no Rio Grande do Norte, Pernambuco e Maranhão, é escolhido comandante da expedição.
Castelo Branco equipa três embarcações com cento e cinquenta soldados, dez peças de artilharia, oito quintais de pólvora, munições e mantimentos: “Santa Maria da Candelária”, comandada por Pedro de Freitas; “Santa Maria da Graça”, comandante Álvaro Neto; e “Assumpção”, sob o comando de António da Fonseca. Escolhe António Vicente Cochado, piloto-mor da frota, e o alferes Pedro Teixeira, por haver sobressaído na batalha de Caxemduba.
A 25 de Dezembro de 1615, Francisco Caldeira Castelo Branco zarpa rumo ao Pará, dando início à conquista do norte do Brasil. Nomeia André Pereira, capitão de infantaria, como redactor da jornada, cujo relato pormenorizado da viagem é considerado de grande valor como “Primeira História da Amazónia” e inserido na literatura para o conhecimento do imenso interior do Novo Mundo.
A 12 de Janeiro de 1616, chega a um outeiro a que deu o nome de “Cidade de Santa Maria de Belém do Gram Pará”. Estava fundada a cidade-fortaleza, porta de entrada da Amazónia . O primeiro homem a desembarcar foi António de Deus, que saudou os indígenas Tupinambás, assegurando a descida dos demais integrantes. Castelo Branco disparou pequenos tiros de canhões em regozijo pelo sucesso da empresa.
Em seguida o fundador da cidade, ajudado pelos silvícolas, inicia a construção do forte, baseado no projecto do engenheiro do Estado Português Francisco Frias de Mesquita. Concebida em poucos dias a obra, Castelo Branco baptizou-a de “Forte do Presépio”, em homenagem à data da partida de São Luís. No seu interior foi construída uma pequena ermida consagrada a Nossa Senhora das Graças, sendo o seu primeiro Pároco o padre Manuel Felgueira de Mendonça. Ao complexo deu o nome de “Feliz Lusitânia”.
Posteriormente, envia o alferes Pedro Teixeira e António da Costa até ao Maranhão para levarem a boa nova ao governador. No dia 7 de Março de 1616 partem por terra, acompanhados por dois soldados e trinta índios, desbravando a floresta, atravessando rios, sempre seguindo as trilhas que os Tupinambás iam fazendo. Chegam a São Luís em Abril, depois de um mês de viagem. Após entregarem a missiva de Castelo Branco ao governante, regressam por via marítima, levando em sua companhia o capitão Custódio Valente mais trinta arcabuzeiros, grande número de indígenas flecheiros, mantimentos, fardas e muitos artigos destinados à troca entre aborígenes e colonos. Estava demarcado o trecho na Amazónia entre Belém e São Luís, em mais uma possessão portuguesa naquela região.
Fundada a cidade de Santa Maria de Belém do Gram Pará, construído o Forte do Presépio, em andamento o núcleo de povoação e dada a boa nova ao governador do Maranhão, é constituída uma comissão composta pelos capitães Pedro Teixeira, Bento Maciel Parente, Ayres Chichorro e Baião de Abreu, para a criação do “Brasão” da nova cidade lusitana, que ficou pronto em 1626, confirmando o núcleo de origem da povoação ameríndia como base de operações para as lutas contra os estrangeiros na região.
Com a finalidade de intensificar a rapidez e a eficácia na execução das medidas administrativas, foram criados o Estado do Maranhão e o Estado do Pará, directamente subordinados à Metrópole, e não mais ao Governo Geral do Brasil, conforme trecho do Documento Régio de 20 de Junho de 1618, que comprova a separação havida no século XVII: “ ...D. Filipe II El Rey ordena ao vice-Rei de Portugal que seja separado o governo do Maranhão do Brasil e se façam as precisas nomeações de pessoas que vão alli servir, e sigam com o novo governador religiosos da Província de Santo António”. Era a solução para ambas as Coroas manterem o controlo do território largamente cobiçado pelos estrangeiros.


 Expulsão dos Estrangeiros

A expansão portuguesa na Amazónia, em luta com a Natureza, evoca  o caos primitivo, com uma ordem de grandeza que tem algo de sobre humano. Razão para com toda a justiça destacar  o vitorioso percurso do bandeirante Pedro Teixeira naquela densa floresta do norte do Brasil, no século XVII.
O governador Castelo Branco recebe aviso em 7 de Agosto de 1616 de que, à entrada do rio Gurupá, embarcações estrangeiras esperavam uma grande armada, transportando apetrechos e gente para estabelecer uma colónia na região. Imediatamente, ordenou ao comandante Pedro Teixeira e ao alferes Gaspar Freitas de Macedo que se dirigissem ao local para expulsar os intrusos.
Teixeira organizou várias canoas de guerra armadas com vinte soldados e muitos índios guerreiros da tribo Tupinambá Convocou para auxiliares Pedro de Castro Cardoso, o alferes João Félix, os sargentos Mathias de Almeida, Manuel Mateus Maciel e António Soares Saraiva, partindo de imediato para Gurupá.
Ao aproximarem-se foram recebidos agressivamente. Avançaram, abordando o navio holandês, atearam fogo e retiraram-se nas canoas. A embarcação inimiga foi incendiada. Todos os tripulantes morreram, uns queimados e outros afogados.
Mesmo ferido, Pedro Teixeira retornou ao local para ver o navio ir a pique. Este foi o primeiro embate, dando vitória a Portugal, feito que o levou a ser promovido ao posto de Capitão, por Despacho Régio de 28 de Agosto de 1618.
Nos finais de 1616, o índio Tupinambá, de nome civil Amaro, era portador de cartas de Castelo Branco destinadas ao  governador do Maranhão. No caminho abre-as e, fingindo lê-las, diz a todos os  indígenas que os portugueses iriam reduzi-los à escravidão, ao mesmo tempo incitando-os à revolta. Instala-se a rebelião na nação Tupinambá, na extensão do Maranhão até ao Pará.
A luta dura anos: os colonos para vingar seus mortos e punir a “ousadia” dos ameríndios; e os índios pretendendo destruir os povoados e exterminar os portugueses.
Castelo Branco, vendo que os gentios se aproximavam de Belém pelo rio Guamá, ordena o ataque. Durante o ano de 1617, as lutas continuaram tanto no Pará como no Maranhão.
Em 11 de Fevereiro de 1618, dá-se o falecimento de Jerónimo de Albuquerque, ocasião em que as lutas ficaram incontroláveis. O capitão Diogo da Costa Machado destaca militares sob o comando de Bento Maciel Parente para socorrer o Pará com ordens de fazer guerra por terra aos “rebeldes”, operação que durou quatro meses. Enquanto isto, Amaro, o protagonista da rebelião, é encontrado pelos colonos, que o executam, fazendo-o explodir na boca de uma bombarda.
Os índios atacam o Forte do Presépio no dia 7 de Janeiro de 1619. Durante as lutas, mesmo ferido, Gaspar Cardoso acerta um tiro mortal em Guaimiaba, cacique dos Tupinambás, conhecido por “Cabelo de Velha”. Os silvícolas, atemorizados, retiram-se para suas ocas. 
Para contornar a situação é composta uma Junta Governativa no Estado do Pará no mês de Maio de 1620, com o capitão Custódio Valente, Frei António Mariano de Mercena e capitão Pedro Teixeira.
Como os dois primeiros não puderam cumprir o mandato até ao fim, assumiu Pedro Teixeira as funções de Interventor, cargo que desempenhou até 18 de Junho de 1621, quando foi promovido a capitão-mor.
Em seguida chega a Belém Jerónimo Fragoso de Albuquerque, nomeado capitão-mor do Pará, para assumir o governo. Inicia o combate aos ameríndios. Organiza uma caravana com quatro embarcações de quilha, muitas canoas, cem soldados e grande número de índios amigos. Auto-nomeou-se comandante-chefe e ao mesmo tempo nomeou Pedro Teixeira almirante, e Jerónimo de Albuquerque o “moço” (seu filho), capitão-mor de tropas das canoas. Seguiram rio acima, incendiando aldeias nas localidades de Iguapé, Guanapus e Capary, reduzindo-as a cinzas.
No início de 1622, Pedro Teixeira foi encarregado de abrir uma estrada que ligasse as Capitanias do Pará e do Maranhão. A obra foi iniciada na Vila de Ourém, no Pará, em direcção a Maracá, actual cidade de Viana, no Maranhão.
Em 20 de Maio de 1623 chega a Belém o capitão-mor Luís Aranha de Vasconcelos com ordens do Chefe de Gabinete de Madrid para investigar o rio Amazonas e todos os sítios onde se encontrassem holandeses ou outros quaisquer estrangeiros. Partiu no final do mês, numa caravela, em direcção ao rio Gurupá com uma frota de vinte e duas canoas, um caravelão, setenta soldados e mil índios guerreiros e flecheiros.
Após alguns dias, o governador recebe informação de que Luís Aranha estava cercado por tropas inimigas. Bento Maciel passa o governo para Matias de Almeida e, acompanhado pelo almirante Pedro Teixeira e pelos capitães de infantaria Aires de Chichorro e Salvador de Melo, parte para Gurupá. Traça o plano de ataque: Pedro Teixeira segue pela margem norte do rio Amazonas e Bento Maciel segue pela margem sul. Na embocadura do rio Gurupá, juntam as tropas e os ameríndios de combate levados pelo alferes António de Amorim e atacam as fortificações, incendiando-as completamente. Em seguida rumam até a Ilha dos Tucujus onde se travou outro sangrento embate, sendo o navio estrangeiro incendiado e colocado a pique. Depois voltaram para Gurupá, onde construíram uma fortaleza que baptizaram com o nome de “Forte de Santo António do Gurupá”.
No final de Abril de 1625, o governador do Pará recebe informações de que ingleses e holandeses haviam voltado a instalar-se nos rios Gurupá e Amazonas com grandes tropas, armamentos e munições.
O governador entrega o comando a Pedro Teixeira, que nomeia os auxiliares Jerónimo de Albuquerque, Pedro da Costa Favela, sargento Pedro Baião de Abreu e Frei António Merceana, da Ordem dos Capuchos.
Na madrugada de 23 de Maio, a caravana dividiu-se em duas colunas: uma avançou pelo rio e outra por terra. Os holandeses, sentindo-se cercados, fugiram num lanchão,  sendo perseguidos por Pedro Teixeira, que os alcançou no rio Filipe, já reunidos no Tucujus e abrigados nas casas-fortes. De imediato os lusitanos atacam, travando-se uma luta sangrenta, na qual teria morrido o capitão Hosdan e Porcel,  conforme citação do historiador António Ladislau Monteiro Baena.
Entretanto, Pedro Teixeira é informado por alguns prisioneiros de que a quinze léguas de distância estava um pequeno forte com vinte soldados. Teixeira resolveu eliminá-los. Cercados e sem outra alternativa, renderam-se e o forte foi arrasado.
Manuel de Souza d’Eça assumiu o governo do Estado do Pará em 1626. Organizou várias expedições para conseguir escravos entre os nativos. Durante essas viagens, conhecidas por “Tropas de Resgates”, nomeou o militar Pedro Teixeira comandante, por ser cabo-de-guerra e grande sertanista.
No final do ano, a caravana saiu de Belém com grande número de canoas, vinte e seis soldados e forte contingente Tupinambá, comandada por Pedro Teixeira. Como assistente ia o franciscano Capucho da Província de Santo António, Frei Cristovão de São José, que também controlava os índios da jornada, pois mantinha com os mesmos cordial e enérgica autoridade, por haver convivido durante nove anos com os Tupinambás e outras tribos do rio Tocantins, até ao Xingu. Este religioso acompanhou as expedições de Pedro Teixeira e Bento Maciel Parente, em 1623 e 1625, respectivamente, na luta contra os holandeses.
Chegando à foz do Xingu notaram a presença da tribo Tupuiuçus no rio Paru (Genipapo) e avistaram uma elevação onde  pararam, ocasião em que viram várias cabanas, muitas igarités e ubás. 
Teixeira desembarcou na praia com a tropa e alguns gentios, estabelecendo sentinelas em todos os lados, entrincheirando alguns soldados pelos troncos das árvores. Acompanhado de Frei Cristóvão José, seguiu pela praia até às ocas.
Da aldeia acorreram homens, mulheres e crianças a cercar o frade, em demonstração amigável. Teixeira, que também falava a língua da terra, é apresentado aos caciques e pajés, havendo perfeito entendimento entre o comandante e os chefes indígenas.
Não há registos de baptizados ou outro tipo de ofício religioso. O certo é que esta foi a primeira vez que este religioso pisou as terras dos gentios Tapajós. O encontro cordial redundou em grande amizade, sem conseguirem escravos, pois não era admitido pela tribo tal uso.
Sobre a Aldeia dos Tapajós, estudiosos e cronistas de viagens afirmam ser o militar Pedro Teixeira, incontestavelmente, o “descobridor do Rio Tapajós”. Isto porque os viajantes estrangeiros ou portugueses não passavam de Gurupá ou do Xingu. Daí em diante, rio acima, era o incognoscível, o deserto das águas, o mar fantástico e assustador. 
Pelos idos de 1629, Pedro Teixeira e sua tropa expulsam os ingleses que se haviam estabelecido no forte Torrego, próximo do rio Torém, nas margens do rio Amazonas. Adoptaram a táctica do cerco, incendiaram e destruíram a referida fortificação.
Em finais de Janeiro de 1631, o capitão-mor Jácome Raimundo de Noronha encontrava-se em Belém quando chega a notícia de que no rio Filipe, às margens da ilha dos Tucujus, estavam ingleses fortificados, e que os silvícolas, seus aliados, os abasteciam de tudo que fosse necessário. O governador Francisco Coelho de Carvalho ordenou ao capitão-mor que “assumisse o cargo de General de Estado, organizasse as forças e as conduzisse até à vitória”.
Jácome de Noronha, acompanhado do sargento-mor Manuel Pires Ferreira, do capitão Aires de Souza Chichorro, com trinta e seis canoas e homens de artilharia dirigiu-se para o “Forte Filipe”. Ao aproximarem-se da fortaleza inicia-se a luta no momento em que Sir Thomaz Hixson e grande parte dos ingleses fogem num lanchão e duas canoas, sendo perseguidos por Aires Chichorro. Os que ficaram, renderam-se, e o forte foi tomado apenas com quatro peças de artilharia grossa, roqueiras e outras armas.
Na batalha morreram oitenta e seis estrangeiros, treze pessoas foram feitas prisioneiras e destruídos todos os gentios que eram aliados dos invasores. Em seguida Jácome de Noronha regressa a São Luís, cumprindo ordens superiores.
Decorria o ano de 1632 e o Capitão Luís de Rego Barros foi incumbido pelo Governador, seu primo Francisco Coelho de Carvalho, de vigiar o movimento de estrangeiros no Cabo do Norte. Acompanhado pelos oficiais Pedro Baião de Abreu e Aires de Souza Chichorro, com duzentos e quarenta soldados e cinco mil índios, passou por Gurupá, onde reforçou o presídio ali existente, seguindo para Cametá onde se abasteceu de provisões e materiais indispensáveis para a luta. Inicialmente, castigou alguns ameríndios Ingahíbas por serem aliados dos ingleses, moradores na barra do rio Amazonas.
Os ingleses haviam construído um novo forte, a que deram o nome de Camu – no local dos anteriormente demolidos Torrego e Filipe – e aí se refugiaram. Os portugueses ao chegarem cercaram e atacaram a fortaleza. Entretanto, o comandate inglês Roger Fray regressou da foz do rio Amazonas, onde fôra buscar os reforços prometidos por Londres, que falharam. Travou nova luta com os portugueses e, não resistindo, faleceu.
O governador Feliciano Coelho de Carvalho manda instalar em Cametá, no ano de 1634, o primeiro engenho de açúcar, no qual era permitido somente moer cana indígena, popularmente conhecida por cana-de-açúcar ou cana-doce. A cana crescia espontaneamente nas várzeas e nas margens baixas dos rios da Amazónia, não precisando de mão-de-obra especializada. O açúcar era produto de grande interesse para os franceses, holandeses e ingleses desde os primórdios do século XVI. Daí a razão das constantes penetrações de estrangeiros naquele região.
Em 29 de Março de 1635, Luís de Rego Barros aporta em Belém, para tomar posse como governador substituto, depois de uma visita feita em Janeiro de 1634. Todavia, alegando encontrar-se enfermo, volta para São Luís. Assume interinamente as funções de governador, em Belém, Feliciano Coelho de Carvalho, filho de Francisco Coelho de Carvalho. O novo governador passa rapidamente por Belém e segue para Cametá, por não se sentir bem de saúde. Aí, faleceu a 15 de Setembro de 1636. A notícia chega a São Luís catorze dias após a sua morte.
Com a informação do infausto acontecimento, Jácome Raimundo de Noronha, Provedor-mor, é eleito pelo Senado da Câmara como Governador interino, cargo que assume a 9 de Outubro de 1636. Desempenhou as funções até 27 de Janeiro de 1638, quando passou o cargo ao Governador efectivo Capitão-General Bento Maciel Parente, que fôra indicado por sua Majestade Filipe III, dentre as várias propostas apresentadas para a escolha do novo governador do Maranhão.       
Em 4 de Fevereiro de 1637, Bento Maciel Parente, um dos cabos-de-guerra contra os índios, escreve a D. Filipe II, informando que havia na “cidade de São Luís 250 moradores e 60 soldados; e na cidade de “Santa Maria de Belém do Gram Pará 80 moradores e 50 soldados”. Dizendo ainda ”que no forte do Presépio havia 30 soldados, 4 ou 5 moradores, e no forte de Gurupá não chegavam a 30 soldados sem nenhum morador”. A justificação da informação era para pedir socorros em termos de gente para povoamento, pólvora e balas para suprir as necessidades da colónia.


Domínio da Amazónia 
Embora a Coroa Ibérica integrasse os dois reinos numa unidade política desde 1580, Portugal e Espanha continuavam a ser, do ponto de vista territorial e administrativo, entidades perfeitamente distintas. A História documenta os inúmeros conflitos travados entre portugueses e espanhóis, uma vez que os limites eram aqueles que as comunidades entendiam serem vantajosos para si.
Em uma pequena canoa, no início de Janeiro de 1637, chegam ao forte de Santo António de Gurupá os frades franciscanos Domingos de la Brieda, Frei André de Toledo e seis soldados, todos espanhóis, procedentes do Peru. Dali vão em seguida para Belém. O governador, capitão-mor do Pará, Francisco Azevedo decide encaminhá-los para o governador do Estado do Maranhão Jácome Raimundo de Noronha.
Chegaram a São Luís e relataram ao governador “que em 17 de Outubro de 1636 haviam partido com o capitão João Palácios, caudilho espanhol no Peru, para descer o Grande Rio, a fim de encontrar o El Dorado e Casa do Sol. Houve o massacre dos índios Encabelados. Os que escaparam preferiram voltar, e eles optaram por descer o Rio das Amazonas na esperança de catequizar as tribos que ali habitavam”. Perguntados o que pretendiam fazer, disseram em juramento que “poderiam voltar, desde que tivessem condições”. Isto levou o governante a pensar na conquista do Alto Amazonas e no alargamento da soberania portuguesa na bacia amazónica.
Jácome de Noronha convida para o perigoso empreendimento o Bandeirante Pedro Teixeira, como soldado e emissário da Corte, por ser valente, prudente, conhecedor do rio e da selva, além de saber a língua tupi. Promoveu-o a capitão-mor da força expedicionária e a general-de-estado.
Aceito o convite, o governador entrega a Teixeira o “Regimento”, de onde se destacam as seguintes instruções:
1º) que reconhecesse minuciosamente o rio até Quito;
2º) que verificasse os lugares onde se pudessem levantar fortificações;
3º) que velasse pela boa conduta dos expedicionários, de modo que, de bom trato e presentes oferecidos aos indígenas, resultassem relações de amizade e paz;
4º) por último foi-lhe entregue uma instrução secreta que ia encerrada em “carta de prego” e era para “abrir só no regresso da viagem”.
O objectivo principal da viagem era estender os domínios de Portugal até às terras da Perúvia e fundar perto da Aldeia dos Omáguas, nos terrenos situados entre os rios Napo e Juruá, uma povoação que marcasse o limite, no Amazonas, das terras da Coroa Portuguesa.     
Para a grande empresa, Pedro Teixeira nomeou como seus auxiliares: capitão Pedro da Costa Favela, cartógrafo; coronel Bento Manoel de Oliveira, para 2º comando, por conhecer os hábitos e costumes dos índios e falar tupi; capitão Bento da Costa, piloto-mór; capitão António de Azambuja, mestre-de-campo; Filipe de Matos Cotrim, sargento-mor; Pedro Baião de Abreu, Ignácio de Gusmão e Domingos Pires da Costa, capitães de infantaria; Fernão Mendes Gago, Bartholomeu Dias de Matos e António de Oliveira, alferes; Maurício de Heliarte, ajudante; Diogo Rodrigues e Domingos Gonçalves, sargentos; Manuel de Matos Oliveira, almoxarife; João Gomes de Andrade, escrivão; Frei Agostinho das Chagas, capelão da Armada.
O frade espanhol Brieda e os seis soldados que meses antes haviam descido o rio Amazonas, regressavam como guias.
Frei Toledo seguiu para Corte de Madrid e de Lisboa para dar ciência da viagem de descida do rio Amazonas e da expedição que os portugueses iam fazer no sentido contrário. O referido religioso foi o portador da carta e do mapa da viagem de Pedro Teixeira que Jácome de Noronha enviou em 29 de Maio de 1637 ao rei D. Filipe.
Dia 25 de Julho de 1637, Pedro Teixeira partiu de São Luís com seus expedicionários e, ao chegar a Belém, iniciou os preparativos da grande jornada.
Temerosa, a voz da oposição na Câmara e no Senado de Belém ergue-se, achando que era inconveniente um empreendimento de tal ordem. Pede ao capitão-mor Aires de Souza Chichorro o cancelamento ou adiamento da viagem. Mas Jácome de Noronha foi inflexível e Pedro Teixeira partiu para ocupar o seu lugar na História.
Pedro Teixeira em princípios de Agosto de 1637, saiu de Belém com a sua tropa. A 5 de Setembro seguiu pela baía do Guajará, rio Pará adentro, passando ao sul das ihas do Marajó até atingir a Vila de Cametá. Neste local adquiriu mais algumas canoas e em seguida viajou para a Vila de Gurupá, onde concluiu os preparativos da expedição.      
Compôs a caravana com setenta canoas, sendo quarenta e cinco de grandes dimensões, com vinte remeiros cada uma; o efectivo militar era constituído de setenta soldados portugueses e uns mil e duzentos silvícolas guerreiros e flecheiros que se faziam acompanhar de mulheres e filhos, perfazendo o total de dois mil integrantes da expedição.
A 28 de Outubro de 1637, a histórica Bandeira de Pedro Teixeira partiu de Gurupá, rio acima, para a viagem que daria ao Brasil a sua mais extensa região – a Amazónia. Ao passar por um sítio desabitado, chamou-o de “Santa Luzia”47. Prosseguindo, ancorou no dia 3 de Dezembro no Alto Amazonas e, ao ver um arquipélago desconhecido e de grande dimensão, denominou-o “Ilhas das Areias”.
Continuando a navegar, no início de Janeiro de 1638 descobre o “Rio Negro”, onde século e meio depois se ergueria a cidade de Manaus. No dia 27 de Fevereiro, devido à demora da viagem e à luta contra as águas do rio Amazonas, a tripulação dava mostra de rebeldia, uma vez que remavam contra a correnteza.
Teixeira manda o coronel Bento de Oliveira, com oito canoas, vinte soldados e cento e cinquenta índios, se adiantar para servir de guia. Rapidamente ele ultrapassou o Aguarico, o Coca e o Payamino, até dez léguas mais acima do rio Napo. Continuou e, finalmente, a 3 de Julho, dá-se o encontro na foz do Napo. Pedro Teixeira ordena que Bento continue seguindo em frente com seus homens, para reconhecimento do caminho. 
A 15 de Agosto, seguindo as pegadas de Bento de Oliveira, Teixeira chega a Payamino, daí prosseguindo ora a cavalo, ora em mula ou mesmo a pé. Demorou-se com Pedro Favela e Pedro de Abreu, mais quarenta soldados e trezentos ameríndios, deixando-os no preparo do regresso, próximo da Aldeia dos Pujas, uma povoação de castelhanos, onde o aguardava Bento de Oliveira com sua tropa, já no dia 14 de Outubro de 1638.
Partiram juntos para Quito e logo ao chegarem, no Santuário de Nossa Senhora de Guápulo, foi oficiado o Te-Deum em Acção de Graças pelo êxito da viagem. À frente de um cortejo triunfal, no meio dos festejos, Pedro Teixeira fez a sua entrada em Quito.  
O Vice-Rei do Peru, Conde de Chicon, D. Luiz Jerónimo de Cabrera e Bobadella, em grande audiência, no dia 10 de Novembro de 1638, recebe Pedro Teixeira. Este oferece-lhe a sua “Relação” e Bento da Costa um “Roteiro da viagem”51, no qual evidencia vários pontos do percurso do Grande Rio, com notáveis conhecimentos da Região, quer de carácter etnográfico, quer principalmente geográfico.
A manifestação de simpatia dos peruanos ao receberem Pedro Teixeira inquietou as autoridades, que escolhem Frei Cristobal d’Acuña e Frei André de Arthieda para se encarregarem de um diário descritivo de navegação, com ordens de examinarem o curso do rio e seus afluentes, bem como os povos que habitavam as suas margens.
Em Sevilha, o Conselho das Índias sugeriu a D. Filipe que punisse Pedro Teixeira por haver entrado no Peru sem consultar aquele Órgão Espanhol. Todavia, o Rei, ao ler a “Relação” compreendeu a importância que aquela viagem significava para a Coroa Ibérica, adoptando uma atitude de coerência e elogios.
No dia 24 de Janeiro de 1639, Pedro Teixeira requereu ao vigário provincial de Nossa Senhora das Mercês, em Quito, que lhe cedesse religiosos da Ordem para fundarem conventos em Belém e São Luís.
A 16 de Fevereiro, Teixeira iniciou o regresso, escolhendo um caminho mais curto e, por Archidona, buscou as margens do Napo, ciente de que era chegada a hora de cumprir o item 4º do “Regimento”, que lhe foi entregue por Jácome de Noronha, o grande mentor da expedição. Assim, “tomou posse da margem esquerda do rio do Ouro (antigo Aguarico) em nome da Espanha, mas frisando que o fazia para a Coroa Portuguesa”. Ali colocou um Padrão e fundou a povoação de “Franciscana”, em homenagem aos franciscanos sacrificados pelos índios Encabelados. O Auto de Posse foi transcrito no dia 16 de Agosto de 1639, por João Gomes de Andrade, escrivão da jornada. O acto é considerado como um dos maiores feitos da viagem que o militar Pedro Teixeira praticou, sendo estimado de grande significado político para Portugal. 
Ao deparar-se com um grande afluente do Amazonas, de grande profundidade e com inumeráveis cachoeiras, baptizou-o de “rio Madeira”.        
No início do mês de Dezembro de 1639, a Armada esteve na nação Tapajós, sendo recebida com entusiasmo pelos indígenas tapajónicos, que o chamavam de “Curiua-Catu” (homem branco bom e amigo). Fizeram várias ofertas, que Pedro Teixeira retribuiu com artigos que trouxera do Peru. Ali permaneceu durante três dias com a sua tropa, refazendo as forças.
No dia 12 de Dezembro, após viajar vinte e sete meses, Pedro Teixeira chega com a sua comitiva a Belém do Pará, onde uma calorosa recepção – autoridades e povo em geral – o aguardava.
Em seguida parte por via marítima para São Luís, a fim de dar conhecimento ao governador do sucesso da grandiosa expedição. Estava consumada a demarcação entre Quito e Belém do Grão Pará nos dois sentidos, com o vasto território a pertencer a Portugal.
Dia 28 de Fevereiro de 1640, como 21º capitão-mor do Pará, Pedro Teixeira assumiu a Capitania do Pará. A 28 de Novembro foi nomeado Governador, cargo que exerceu até 26 de Maio de 1641, ano em que passou os poderes para o novo Governador Francisco Cordovil.
Filipe IV, em 1640, ordenou ao Governador Bento Maciel Parente que fossem dados a Pedro Teixeira trezentos casais de índios, até aos seus herdeiros, assim como terras das Aldeias Faustino.
Pedro Teixeira preparava-se para visitar Portugal, mas faleceu no dia 6 de Junho de 1641. O insigne “Bandeirante” foi sepultado na Igreja Matriz de Nossa Senhora das Graças, Catedral de Belém do Pará, na região que ele tanto amou, defendendo as cores de Portugal.  


Conclusão
A fantasiosa descrição de viagem de Marco Polo entusiasmou exploradores de várias partes do mundo incluindo a Amazónia. Procuravam, anos a fio, as “Célebres” Amazonas e o tão decantado “El Dorado”.
Destacam-se dentre eles Vicente Iañes Pinzón, Diego de Lepe, Diogo Nunes e Francisco de Orellana, autor da  “Lenda das Amazonas” , Francisco Pizarro e Walther Relheig, até a “Viagem dos Leigos”, que proporcionou a grande Expedição de Pedro Teixeira.
A descoberta da Amazónia dá-se em 1616 com a fundação da cidade de Santa Maria de Belém do Gram Pará, assinalando o marco inicial da conquista do vasto mundo amazónico pelos portugueses, que ambicionavam conquistar espaços que julgavam lhes pertencer. As lutas para a expulsão dos holandeses, franceses e ingleses instalados na selva amazónica foram pontos marcantes na vida do valoroso militar Pedro Teixeira.
Após fixarem-se na porta de entrada da Amazónia, os lusitanos expandiram-se rio adentro, e a expedição de Pedro Teixeira, idealizada em 1637 pelo governador do Maranhão e Gram Pará, Jácome de Noronha, foi a mais importante para a Coroa Portuguesa. Antes, o conhecimento do território pelos portugueses, ia até Gurupá. O restante era ameaçador e somente em 1626 se descortinou um novo horizonte através da descoberta do Rio Tapajós, por Pedro Teixeira. Daí em diante, as margens deste afluente começaram a ser frequentadas pelos portugueses.
A expedição de Pedro Teixeira ao longo do Amazonas foi considerada pelos legisladores, diplomatas e políticos portugueses como um argumento válido para a questão da soberania portuguesa sobre o território. Nas negociações com a Espanha sobre o domínio das terras, a expedição era evocada por D. Filipe como um factor histórico que legitimava as suas pretensões sobre uma área que em centenas de léguas ultrapassava os limites estipulados no Tratado de Tordesilhas. Os grandes esforços para a ocupação permanente da Amazónia pelos portugueses ocorreram efectivamente a partir da viagem a Quito, sendo o processo de colonização da nova terra relatado nas narrativas das viagens do notável militar português.
O povoamento de vilas e aldeias baseado na dinâmica das “Bandeiras” consolidou o direito à posse das terras pelos que nela haviam permanecido, confome decisão prevista no Tratado de Limites, com a soberania portuguesa a ser reconhecida pelo tratado de Madrid.
Somente após essa gigantesca expedição de Pedro Teixeira no século XVII é que se abriram as portas da região para a conquista de novos horizontes no Brasil, através da mais importante bandeira fluvial comandada pelo brilhante militar, que assegurou o seu domínio para Portugal. 

via Mercadante


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11/12/2009

Imprensa internacional destaca homenagem do Senado a Pedro Teixeira


A homenagem feita pelo Senado Federal ao sertanista Pedro Teixeira, português que demarcou a Amazônia em 1617 e a fez pertencer ao Brasil, foi destaque na imprensa internacional. Jornais e revistas portugueses ressaltaram a importância desse resgate histórico, iniciado pelo senador Mercadante.

Abaixo, os links para as reportagens:
Clique aqui para ler a matéria publicada no jornal Global Notícias
Clique aqui para ler a matéria do Diário de Notícias
Clique aqui para ler a matéria no Público
Clique aqui para ler a matéria publicada pelo Diário Econômico
Clique aqui para ler a reportagem do Jornal de Negócios
Clique aqui e leia a reportagem do Sol

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