Expedição A'Uwe, a Volta de Tsiwari – Primeira Parte
Produzido pela TVi – Televisão e Cinema e pela Fazenda das Palmeiras, o documentário - que deu origem à série A’Uwe na TV Cultura - mostra a expedição às aldeias xavantes São Pedro e Onça Preta feita pelo grupo liderado por Marcos Palmeira, como resposta ao convite do cacique Isaías Prowe.
Foram quinze dias de convívio intenso com a cultura indígena, em que os integrantes traçaram um diagnóstico da situação em que vivem cerca de 400 pessoas, presenciaram o ensino das tradições, o fortalecimento da coragem e da determinação junto aos waptés (adolescentes), o respeito aos rituais de passagem e às cerimônias que traduzem até hoje o espírito deste povo.
Foram quinze dias de convívio intenso com a cultura indígena, em que os integrantes traçaram um diagnóstico da situação em que vivem cerca de 400 pessoas, presenciaram o ensino das tradições, o fortalecimento da coragem e da determinação junto aos waptés (adolescentes), o respeito aos rituais de passagem e às cerimônias que traduzem até hoje o espírito deste povo.
Expedição A'Uwe, a Volta de Tsiwari – Segunda Parte
O programa exibe a segunda parte do documentário "Expedição A'Uwe, a Volta de Tsiwari", realizado entre 2004 e 2005. Neste trabalho, um grupo liderado por Marcos Palmeira passou 15 dias nas aldeias xavantes de São Pedro e Onça Preta para traçar um diagnóstico da situação em que vivem cerca de 400 pessoas. O grupo presenciou o ensino das tradições, os rituais de passagem e cerimônias, além de retratar como essas comunidades vivem em meio aos fazendeiros, interesses estrangeiros e à ausência do poder público.
Os outros papéis de Marcos Palmeira
Marcos Palmeira durante as filmagens do documentario "Expedição A'Uwe - a Volta de Tsiwari", em aldeia dos índios xavantes
Sua ligação com o campo vem desde a infância e, hoje, além de um exemplar fazendeiro de alimentos orgânicos - sua propriedade é referência no Brasil, em agricultura orgânica e sustentável -, o ator é produtor de documentários indígenas
Foi uma visita-surpresa. Eles chegaram de repente e acabaram ficando três meses na casa da família. Três meses para um jovem de 15 anos, que vivia no Rio de Janeiro no fim dos anos 70, era um tempo longo, ainda mais nas esperadas férias de verão. Para um índio, três meses são quase nada. É o tempo que se leva para fazer a preparação de um dentre tantos rituais que a aldeia realiza. Mas, nesse caso, o encontro transcendeu as várias noções de tempo. Hoje, o ator Marcos Palmeira descreve os sentimentos que teve de encantamento no seu primeiro encontro com os índios xavantes. “Eles eram muito diferentes”, conta. Alguns dos índios não falavam sequer uma palavra em português, e Marcos teve de encontrar um jeito de se comunicar com eles. Acabou aprendendo um idioma universal: o do afeto. Essa convivência tocou de maneira profunda o ator e o grupo de índios e os laços se fizeram sólidos e, mais de 30 anos depois, Marcos Palmeira encontrou uma forma de dividir com os telespectadores as lições que aprendeu com seus amigos através de um programa que ajudou a idealizar e apresenta todos os domingos na TV Cultura. Chama-se A’Uwe, e é o único na TV totalmente dedicado aos índios do Brasil.
O “SEM MEDO”
O pai de Marcos, o cineasta Zelito Viana, foi muito sábio ao promover o contato do filho de 15 anos com índios do interior do Brasil. Enquanto a maioria dos adolescentes sonhava em passar uma temporada fora do país, essa experiência abriu os olhos do garoto para um universo muito mais próximo e não menos enriquecedor. Naquela época, Marcos Palmeira já estava envolvido com cinema e TV porque, além do pai, Marcos é filho da produtora Vera di Paula e sobrinho do comediante e escritor Chico Anysio. A visita dos índios xavantes à casa da família na capital carioca foi uma retribuição à temporada que Zelito havia passado rodando o documentário Terra dos Índios, um clássico do cinema nacional. “Eu cortei o cabelo como eles e fiquei completamente envolvido com sua cultura”, relembra Marcos. Seis meses mais tarde, ele e um amigo resolveram inverter a experiência e embarcaram em uma viagem que transformaria para sempre a vida deles: foram morar dois meses entre os índios da Aldeia Xavante São Marcos, na Terra Indígena de Parabubure, em pleno Mato Grosso. Marcos lembra com muito carinho desse tempo. “Era época das festas e a gente participou de tudo. Houve a festa tradicional que celebra a passagem dos meninos adolescentes para a juventude, e eu participei dos rituais como se fosse um deles, com os sacrifícios e as provações. E depois fui batizado com um nome xavante que levo até hoje: Tsiwari, que significa ‘sem medo’.”
ATIVISTA TUPINIQUIM
A vivência entre os índios foi um divisor de águas na vida do ator – experiência que acabou influenciando até o seu temperamento. Marcos é uma pessoa calma no jeito de falar, conversa olhando nos olhos e parece nunca ter pressa, apesar da agenda sempre apertada. “Além disso, os índios mexeram com a minha consciência em relação ao meio ambiente e ao fato de nosso país não os valorizar. Tudo isso se acendeu graças ao contato íntimo com eles. Foi uma mudança radical, principalmente para um garoto que estava estabelecendo sua relação com o mundo”, diz ele.
De lá para cá, Marcos se manteve ligado à causa: passou pelo Museu do Índio (no Rio de Janeiro) e participou da produção de diversos documentários, até que, em 2004, resolveu voltar à aldeia onde havia vivido 25 anos antes em um projeto grande. Marcos juntou um grupo de amigos (diretora, produtor, cinegrafista, técnico, fotógrafo e socióloga) e fez uma expedição ao coração do Brasil para reencontrar os amigos e ver de perto as condições em que estavam vivendo os xavantes. O projeto deu origem a um documentário chamado Expedição A’Uwe, a Volta de Tsiwari. Uma das cenas mais tocantes do filme é o momento em que o grupo chega à aldeia, Marcos desce do jipe e dá um abraço apertado no cacique Germano Tsremiwadze, seu pai índio. Sereno, Germano não fala uma palavra, pega Marcos pela mão e o leva para dentro da cabana para chorarem juntos o chamado choro da saudade.
20.01.2005
Expedição A'UWE apresenta documentário inédito e promove debate
O ator Marcos Palmeira, integrante da expedição, participa das atividadesExpedição A'UWE apresenta documentário inédito e promove debate
O V Fórum Social Mundial foi o espaço escolhido pela equipe da Expedição A'UWE para tornar pública a ação e promover a estréia de Expedição A'UWE - a volta de Tsiwari, documentário que mostra a situação de abandono, miséria e esgotamento dos recursos naturais em que vivem os integrantes das aldeias Xavante de São Pedro e Onça Preta, na terra indígena de Parabubure, no estado do Mato Grosso. Será a primeira vez em que o grupo vai falar sobre o assunto em público. O evento de apresentação do documentário, que acontece nos dias 27 e 29 de janeiro, será seguido de debate com a participação dos integrantes da Expedição A'UWE e representantes das comunidades indígenas Xavante das aldeias de São Pedro e Onça Preta: Marcos Palmeira\Tsiwari - ator e produtor orgânico, Fábio Ramos - zootecnista, Laine Milan - jornalista, Larissa Barros socióloga, Carlos Wagner La-Bella (Waguinho) - produtor, Ronaldo Nina - fotógrafo, Marcelo Leal - diretor de fotografia e cameraman, Sérgio Melo - operador de áudio, Cacique Germano Aldeia Onça Preta, Cacique Isaías - Aldeia São Pedro e Rodolfo - Professor da Aldeia São Pedro. A primeira fase da Expedição deu origem ao documentário, uma co-produção da Fazenda Vale das Palmeiras e a TVi - televisão + cinema.
O principal objetivo da Expedição A'UWE - criada através de parceria entre a Fazenda Vale das Palmeiras com a TVi - televisão + cinema, Sebrae, Fundação Banco do Brasil e Ministério da Integração - é buscar apoio técnico e financeiro para auxiliar as aldeias indígenas de Parabubure a saírem de sua condição de miséria e alertar para o descaso e abandono em que se encontram os membros destas e outras comunidades indígenas no país. Segundo Laine Milan, diretora do documentário e integrante da Expedição, a intenção é fazer com que todas as pessoas que se interessam pela causa dos povos indígenas saibam da situação e participem do projeto. "Nós acreditamos que todos os interessados, empresas, pessoas ou órgão públicos podem auxiliar através de patrocínios, parcerias e divulgação desta iniciativa. Estamos planejando uma série de ações para ajudá-los a preservar a própria cultura e viver em condições dignas, numa terra demarcada. Os povos indígenas precisam encontrar urgentemente alternativas de sobrevivência", afirma Laine. A diretora diz que o Fórum Social Mundial é o espaço ideal para trocar opiniões, referências, experiências e buscar soluções.
A primeira fase da Expedição começou em 5 de julho de 2004, quando o ator e produtor orgânico Marcos Palmeira - que há 25 anos foi batizado pelos Xavante com o nome de Tsiwari(Sem Medo) e mais sete pessoas rumaram ao coração do Mato Grosso para ver de perto a situação das aldeias, atendendo a um pedido da comunidade Xavante. Foram quinze dias de convívio intenso, em que os integrantes da Expedição A'UWE traçaram um diagnóstico da situação em que vivem cerca de 400 pessoas, presenciaram o ensino das tradições, o fortalecimento da coragem e da determinação junto aos waptés - os adolescentes, o respeito aos rituais de passagem e às cerimônias que traduzem até hoje o espírito de um povo forte e guerreiro. O grupo testemunhou também o descaso com que essas comunidades são tratadas pelo poder público, pelos grandes fazendeiros, por interesses estrangeiros, a carência de saúde, de orientação, de educação e a exclusão social a que estão submetidos.
Primeiros resultados
A partir desta primeira expedição, uma equipe já esteve na aldeia São Pedro e ensinou aos Xavante a técnica da Mandala (plantio de várias culturas feito de forma circular, com um lago no meio), projeto do Sebrae, da Fundação Banco do Brasil e Ministério da Integração. Em outubro, fizeram a plantação da primeira Mandala no solo rústico do cerrado do Mato Grosso. No final de janeiro, os índios Xavante das aldeias de São Pedro e Onça Preta começam a colheita da primeira Mandala.
Para referência
A'UWE significa "povo indígena". A'UWE Uptabi significa "povo verdadeiro". Vindos do litoral, os Xavante têm origem semi-nômade. Nos anos 70, com a demarcação das terras indígenas, tiveram que se adaptar ao sedentarismo. Isso provocou sérias transformações na forma com que os Xavante lidam com os recursos naturais e, se antes havia abundância, hoje há escassez. Ajudar a reverter este cenário e alertar sobre a situação precária em que vive o índio brasileiro, independente da nação indígena a que pertence, é a essência da Expedição A'UWE.
Serviço
Debate e exibição do documentário - Expedição A'UWE - A Volta de Tsiwari
* 27/01, quinta-feira -das 8h30min às 11h30min - Sala 202 do Espaço Temático
"Arte e Criação" do Território do Fórum Social Mundial
* 29/01, sábado - 12h30min - Mostra Puxirum de Artes e Saberes Indígenas (mostra de várias nações indígenas), no Território do Fórum Social Mundial
* 29/01, sábado - 19h - Sala de Cinema P.F. Gastal - Usina do Gasômetro
Ficha Técnica
Expedição A'UWE - A Volta de Tsiwari
Ano de produção: 2004
Formato: Vídeo Digital
Duração - 1h30min (uma hora e meia)
Direção - Laine Milan
Co-direção - Marcos Palmeira
Produção - Fazenda Vale das Palmeiras e TVi - televisão + cinema
Apresentação - Marcos Palmeira
Produção Executiva - Carlos Wagner Mersselian La-Bella (Waguinho)
Consultoria Ecológico-ambiental - Fábio Ramos e Marcos Palmeira
Consultoria em Sustentabilidade de Comunidades Locais - Larissa Barros
Direção de Fotografia - Marcelo Leal
Imagens - Marcelo Leal / Laine Milan / Ronaldo Nina
Fotos Still - Ronaldo Nina
Áudio e assistência de produção: Sérgio Melo
Edição e roteiro: Júlia Machado
Edição de Imagens: Érico Milan
Assistência de edição e pesquisa: Heloisa Dutra
Assessoria de imprensa: Pauta Assessoria
Curiosidades
- O principal objetivo da Expedição A’UWE – criada através de parceria entre a Fazenda Vale das Palmeiras com a TVi - televisão + cinema, Sebrae, Fundação Banco do Brasil e Ministério da Integração – é buscar apoio técnico e financeiro para auxiliar as aldeias indígenas de Parabubure a saírem de sua condição de miséria e alertar para o descaso e abandono em que se encontram os membros destas e outras comunidades indígenas no país.- A primeira fase da Expedição começou em 5 de julho de 2004, quando o ator e produtor orgânico Marcos Palmeira – que há 25 anos foi batizado pelos Xavante com o nome de Tsiwari / Sem Medo – e mais sete pessoas rumaram ao coração do Mato Grosso para ver de perto a situação das aldeias, atendendo a um pedido da comunidade Xavante. Foram quinze dias de convívio intenso, em que os integrantes da Expedição A’UWE traçaram um diagnóstico da situação em que vivem cerca de 400 pessoas, presenciaram o ensino das tradições, o fortalecimento da coragem e da determinação junto aos waptés – os adolescentes, o respeito aos rituais de passagem e às cerimônias que traduzem até hoje o espírito de um povo forte e guerreiro. O grupo testemunhou também o descaso com que essas comunidades são tratadas pelo poder público, pelos grandes fazendeiros, por interesses estrangeiros, a carência de saúde, de orientação, de educação e a exclusão social a que estão submetidos.
- A partir desta primeira expedição, uma equipe já esteve na aldeia São Pedro e ensinou aos Xavante a técnica da Mandala (plantio de várias culturas feito de forma circular, com um lago no meio), projeto do Sebrae, da Fundação Banco do Brasil e Ministério da Integração. Em outubro, fizeram a plantação da primeira Mandala no solo rústico do cerrado do Mato Grosso. No final de janeiro, os índios Xavante das aldeias de São Pedro e Onça Preta começam a colheita da primeira Mandala.
- A'UWE significa "povo indígena". A'UWE Uptabi significa “povo verdadeiro”. Vindos do litoral, os Xavante têm origem semi-nômade. Nos anos 70, com a demarcação das terras indígenas, tiveram que se adaptar ao sedentarismo. Isso provocou sérias transformações na forma com que os Xavante lidam com os recursos naturais e, se antes havia abundância, hoje há escassez. Ajudar a reverter este cenário e alertar sobre a situação precária em que vive o índio brasileiro, independente da nação indígena a que pertence, é a essência da Expedição A’UWE.
- O V Fórum Social Mundial, que acontece em Porto Alegre, foi o espaço escolhido pela equipe da Expedição A’UWE para tornar pública a ação e promover a estréia de Expedição A’UWE - A Volta de Tsiwari.
- O evento de apresentação do documentário, que acontece nos dias 27 e 29 de janeiro, será seguido de debate com a participação dos integrantes da Expedição A’UWE e representantes das comunidades indígenas Xavante das aldeias de São Pedro e Onça Preta: Marcos Palmeira\Tsiwari – ator e produtor orgânico, Fábio Ramos – zootecnista, Laine Milan – jornalista, Larissa Barros – socióloga, Carlos Wagner La-Bella (Waguinho) – produtor, Ronaldo Nina – fotógrafo, Marcelo Leal - diretor de fotografia e camera man, Sérgio Melo - operador de áudio, Cacique Germano – Aldeia Onça Preta, Cacique Isaías – Aldeia São Pedro e Rodolfo – Professor da Aldeia São Pedro. A primeira fase da Expedição deu origem ao documentário,
Divulgação: Pauta Assessoria / Fone: 51 3333 5756 / pauta1@pautaassessoria.com.br
Janeiro de 2005
Escritório FSM Porto Alegre- 951)3227.86.22 - 3212.8826 - www.forumsocialmundial.org.br
Entrevista com Marcos Palmeira: "Orgânicos são bom para a saúde e para o planeta"
17 de Março de 2008
Quando você começou a se dedicar à agroecologia? A questão ambiental pesou na decisão? Por que?
R - Quando eu comprei a fazenda, pensava apenas em produzir leite, sem me preocupar em ser ou não orgânico por pura falta de informação. Ao notar que os produtores de verdura não consumiam o próprio produto, percebi que algo estava errado. Então resolvi correr atrás de informações sobre agroecologia. Foi quando conheci o Sr. João Carlos Ávila, da Associação de Biodinâmica (ABD), e descobri então o mundo maravilhoso da sustentabilidade, onde o foco principal deve ser o solo e não a planta. A partir daí foquei a minha vida na agroecologia e hoje tenho um sócio, o engenheiro agrônomo senegalês Aly Ndjai, que me dá todo o suporte para que a fazenda produza mais sem afetar a sua preservação. Só a agroecologia permite isso - preservando a natureza, aumento minha produtividade.
O que você produz em sua fazenda atualmente? Quem são os seus principais clientes?
R - Hoje produzimos uma variedade de quase 60 itens, entre verduras, legumes, frutas e laticínio, que são vendidos para a rede de supermercados Zona Sul, do Rio de Janeiro, que é minha parceira desde que comecei a trabalhar com a agroecologia. Eles entregam a domicílio e alguns pontos de venda querem fazer uma feira livre com esse tipo de produto orgânico.
Qual a maior vantagem do produto orgânico sobre o convencional?
R - São várias as vantagens do produto orgânico em relação ao convencional. Consumindo produtos orgânicos, você não só esta fazendo bem para a sua saúde como também ajuda na preservação do planeta e na fixação do homem no campo. É um produto ético - e ética é coisa rara hoje em dia.
A agroecologia é viável em larga escala ou se resume à pequena produção? Por que?
R - A agroecologia é viável em qualquer tamanho de propriedade. Ela pode perfeitamente ser feita em larga escala. Se não fosse assim, o Brasil não seria o maior produtor de açúcar orgânico do mundo, de suco de laranja, e por aí vai... A agroecologia não depende de espaço, depende do entendimento do proprietário sobre os benefícios que a sua propriedade a partir do momento que adota esse sistema, além da certeza de que sua terra será produtiva para o resto da vida!
Em casa, consome apenas orgânicos? Se não, qual a proporção?
R - Em casa consumo 100% orgânico. Não é fácil, mas eu consigo - junto o que produzo com o que consigo comprar fora.
No geral, o brasileiro se alimenta bem? Melhorou ou piorou nos últimos anos?
R - O brasileiro se alimenta bem porque come pouco produto industrializado. Pela falta de condições financeiras, ele acaba recorrendo a produtos caseiros, o que faz com que sua alimentação seja relativamente boa. Mas eu acho que ainda falta salada e legumes na alimentação. Ainda consumimos muito amido, principalmente da batata e do pãozinho.
O que você sente falta no cardápio do brasileiro? Ele é equilibrado?
R - No cardápio sinto falta de mais verduras, mais frango caipira. Mas no geral, comemos bem no Brasil.
É possível viver hoje apenas consumindo produtos orgânicos?
R - Não é possível viver hoje apenas de produtos orgânicos por uma total falta de distribuição desse produto e de um incentivo maior ao produtor, o que torna o preço mais caro em relação ao produto convencional. Nós produtores orgânicos precisamos respeitar milhões de regras de produção, enquanto que o produtor convencional ainda vive de uma relação de exploração, onde quem vende nem sempre é quem produz, mesmo que esse tenha nota fiscal de produtor.
O brasileiro se adaptaria bem a uma dieta prioritariamente de produtos orgânicos? Por que?
R - Claro que se adaptaria, porque não seria uma dieta. Orgânico não é diet, nem light. Orgânico é tudo que é produzido preservando a natureza, sem utilização de hormônios de crescimento, por exemplo. É uma produção que respeita a época dos alimentos, dando sustentabilidade ao produtor. E com os alimentos orgânicos podemos fazer qualquer receita. Eu como feijoada orgânica, empadão orgânico, lasanha orgânica, etc...
R - Quando eu comprei a fazenda, pensava apenas em produzir leite, sem me preocupar em ser ou não orgânico por pura falta de informação. Ao notar que os produtores de verdura não consumiam o próprio produto, percebi que algo estava errado. Então resolvi correr atrás de informações sobre agroecologia. Foi quando conheci o Sr. João Carlos Ávila, da Associação de Biodinâmica (ABD), e descobri então o mundo maravilhoso da sustentabilidade, onde o foco principal deve ser o solo e não a planta. A partir daí foquei a minha vida na agroecologia e hoje tenho um sócio, o engenheiro agrônomo senegalês Aly Ndjai, que me dá todo o suporte para que a fazenda produza mais sem afetar a sua preservação. Só a agroecologia permite isso - preservando a natureza, aumento minha produtividade.
O que você produz em sua fazenda atualmente? Quem são os seus principais clientes?
R - Hoje produzimos uma variedade de quase 60 itens, entre verduras, legumes, frutas e laticínio, que são vendidos para a rede de supermercados Zona Sul, do Rio de Janeiro, que é minha parceira desde que comecei a trabalhar com a agroecologia. Eles entregam a domicílio e alguns pontos de venda querem fazer uma feira livre com esse tipo de produto orgânico.
Qual a maior vantagem do produto orgânico sobre o convencional?
R - São várias as vantagens do produto orgânico em relação ao convencional. Consumindo produtos orgânicos, você não só esta fazendo bem para a sua saúde como também ajuda na preservação do planeta e na fixação do homem no campo. É um produto ético - e ética é coisa rara hoje em dia.
A agroecologia é viável em larga escala ou se resume à pequena produção? Por que?
R - A agroecologia é viável em qualquer tamanho de propriedade. Ela pode perfeitamente ser feita em larga escala. Se não fosse assim, o Brasil não seria o maior produtor de açúcar orgânico do mundo, de suco de laranja, e por aí vai... A agroecologia não depende de espaço, depende do entendimento do proprietário sobre os benefícios que a sua propriedade a partir do momento que adota esse sistema, além da certeza de que sua terra será produtiva para o resto da vida!
Em casa, consome apenas orgânicos? Se não, qual a proporção?
R - Em casa consumo 100% orgânico. Não é fácil, mas eu consigo - junto o que produzo com o que consigo comprar fora.
No geral, o brasileiro se alimenta bem? Melhorou ou piorou nos últimos anos?
R - O brasileiro se alimenta bem porque come pouco produto industrializado. Pela falta de condições financeiras, ele acaba recorrendo a produtos caseiros, o que faz com que sua alimentação seja relativamente boa. Mas eu acho que ainda falta salada e legumes na alimentação. Ainda consumimos muito amido, principalmente da batata e do pãozinho.
O que você sente falta no cardápio do brasileiro? Ele é equilibrado?
R - No cardápio sinto falta de mais verduras, mais frango caipira. Mas no geral, comemos bem no Brasil.
É possível viver hoje apenas consumindo produtos orgânicos?
R - Não é possível viver hoje apenas de produtos orgânicos por uma total falta de distribuição desse produto e de um incentivo maior ao produtor, o que torna o preço mais caro em relação ao produto convencional. Nós produtores orgânicos precisamos respeitar milhões de regras de produção, enquanto que o produtor convencional ainda vive de uma relação de exploração, onde quem vende nem sempre é quem produz, mesmo que esse tenha nota fiscal de produtor.
O brasileiro se adaptaria bem a uma dieta prioritariamente de produtos orgânicos? Por que?
R - Claro que se adaptaria, porque não seria uma dieta. Orgânico não é diet, nem light. Orgânico é tudo que é produzido preservando a natureza, sem utilização de hormônios de crescimento, por exemplo. É uma produção que respeita a época dos alimentos, dando sustentabilidade ao produtor. E com os alimentos orgânicos podemos fazer qualquer receita. Eu como feijoada orgânica, empadão orgânico, lasanha orgânica, etc...
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