O último remanescente de uma etnia até hoje não identificada de índios  isolados em Rondônia, conhecido como "Índio do Buraco", pode ter sido  alvo de um grupo armado há cerca de duas semanas.
É o que afirma a Funai (Fundação Nacional do Índio), que acionou a  Polícia Federal após encontrar, no último dia 14, um posto de apoio do  órgão destruído e com dois cartuchos de espingarda abandonados.
Segundo a Funai, a ação foi protagonizada por fazendeiros que não  aceitam a restrição de uso da terra indígena Tanaru, que possui 8.070  hectares e fica próxima a Corumbiara, no oeste do Estado.
Vestígios observados no local indicam que o índio isolado sobreviveu.  Desde 1998, a área é "exclusiva" desse índio. A restrição é autorizada  por portarias publicadas a cada dois ou três anos pela Funai --a última é  de 27 de outubro.
Seis fazendeiros criam gado na área. Parte de suas fazendas está na  terra indígena, onde não podem atuar ou circular.
No posto atacado foram danificados paredes, placa solar e cabo de uma  antena. "Eles deixaram claro que vão atirar no índio se o encontrarem",  disse à Folha Altair José Algayer, coordenador da Frente de Proteção  Etno-ambiental do rio Guaporé, que monitora o índio.
A base é visitada a cada dois meses pela Funai. "O dono de uma das  fazendas nos cobra uma solução. Ele quer que o índio seja levado para  outra terra", disse Algayer, que classificou a invasão como uma  "tentativa de intimidação".
O "Índio do Buraco" foi encontrado pela Funai em 1997. O nome se deve  aos buracos, com um metro de comprimento e três metros de profundidade,  que sempre são encontrados no interior das casas feitas de terra e  palha.
Algayer acredita que o buraco tenha valor místico para o índio, que se  alimenta de animais como porco-do-mato, jabuti e pássaros, caçados com  flecha ou capturados em armadilhas, e de mel.
A Funai calcula que o índio tenha entre 45 e 50 anos e que seja o único  sobrevivente de uma tribo exterminada por fazendeiros a partir dos anos  70. O órgão acredita que o índio "escapou" de um massacre ocorrido em  1995 na região, relatado por outras tribos.
via Agência Folha 
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