Mercosul determina livre circulação de produtos

O Conselho de Ministros do Mercado Comum do Sul (Mercosul) determinou nesta terça-feira (28) um mecanismo sobre a livre circulação de mercadorias nos países do bloco após uma negociação considerada "difícil".

A decisão estabelece a liberdade para o tráfego de produtos em trânsito que sejam originários ou destinatários de algum dos países participantes do bloco. A informação foi confirmada à ANSA por uma fonte diplomática.

Ainda que a medida seja prevista pelas regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), o Mercosul estende a medida às mercadorias e meios de transporte terrestres e fluviais das nações que fazem parte do organismo.

O Paraguai, país que sedia o atual encontro, tem um interesse especial no acordo de livre-trânsito de mercadorias por conta da falta de uma saída ao mar em seu território, o que torna suas cargas terrestres dependentes da passagem através de países vizinhos.

Além disso, o ministro da Fazenda paraguaio, Dionísio Borda, afirmou recentemente que seu país tem "tremendas dificuldades" para exportar seus produtos devido aos frequentes bloqueios que sofre das nações vizinhas.

Borda disse que este era o tema que mais o preocupava, ainda que estivesse "consagrado" nos tratados do Mercosul. Ele afirmou que essa cláusula "não funciona muito bem" para os agricultores do Paraguai. Há poucos dias, produtores de banana do Paraguai tiveram o tráfego de seus produtos bloqueados por colegas argentinos na região de Clorinda.

Durante a reunião do conselho formado por ministros de Economia e das Relações Exteriores de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, ainda foram discutidos assuntos como o comunicado conjunto e as declarações que serão assinadas amanhã pelos presidentes no encontro do bloco.

Além de analisar e propor soluções para resolver as assimetrias econômicas do bloco, a reunião que ocorre hoje no Paraguai também tem como objetivo, de acordo com fontes argentinas, proteger a indústria latina da invasão das mercadorias chinesas.

A ministra argentina da Indústria, Débora Giorgi, pediu que se examinasse o que significa o relacionamento entre Pequim e o Mercosul, que, segundo ela, tem poucos elementos de defesa comercial contra a invasão de produtos chineses, conforme relatou o jornal paraguaio ABC Color.

A Cúpula do Mercosul reunirá amanhã chefes de Estado e de Governo da região como os presidentes do Brasil, Dilma Rousseff, do Uruguai, José Mujica e do Equador, Rafael Correa.

O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, se mostrou surpreendido hoje pela ausência da mandatária argentina, Cristina Kirchner, devido a uma pancada que ela sofreu na cabeça na última quarta-feira.
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