"Avatar" pretende chamar a atenção para o perigo da mudança climática

 
O realizador de cinema canadiano James Cameron afirmou no sábado, no coração da Amazónia, que o seu filme “Avatar” foi feito para combater o cepticismo e consciencializar as pessoas para a necessidade de fazer algo contra as mudanças climáticas.

“Essa é a magia dos filmes: podem mudar a percepção da realidade” disse James Cameron, que esteve em Manaus (Brasil) para participar no Fórum Internacional sobre Sustentabilidade da Amazónia. O cineasta explicou que as pessoas têm a tendência para não querer perceber as consequências negativas das mudanças climáticas expostas pelos cientistas ou em documentários como “Uma verdade inconveniente”, do ex-vice-pre­si­d­e­n­­te dos Estados Unidos Al Gore, que também participou, na sexta-feira, no Fórum.
Cameron salientou que os argumentos racionais dos cientistas “não são suficientes para combater a carga emocional da recusa em entender” mas que, por outro lado, a emotividade de um filme pode atingir esses objectivos. “Não pretendo ser cientista nem especialista, mas talvez seja preciso um artista para falar sobre as mudanças climáticas”, afirmou o cineasta James Cameron, acrescentando que “Avatar” pretende retratar a forma como a sociedade tecnológica trata a natureza.
O realizador explicou que da mesma forma que os “Na’vi” (moradores do planeta no qual se passa “Avatar”) consideram que todos os seres vivos estão ligados entre si, os ambientalistas actuais demonstraram que todos os sistemas do planeta se influenciam uns aos outros e que, por esse motivo, as nossas acções têm repercussões globais.
O realizador comparou os seres humanos a bactérias numa placa de Petri: crescem, multiplicam-se, invadem o seu meio envolvente e no fim morrem. “Estamos a estendermo-nos a todos os lugares: o que vai acontecer quando a Terra não puder mais?”, questionou.
Para o realizador de “Titanic”, o facto de uma grande produção de Hollywood, como “Avatar”, ter uma mensagem ética e, além disso, tanto êxito de bilheteira, indica que o mundo está preparado para reagir e actuar contra as mudanças climáticas. “Quando o Titanic se afundou, as pessoas da primeira e da terceira classe uniram-se para sobreviver”, aludiu, acrescentando que a situação do planeta é crítica e por isso é preciso uma “acção extraordinária” por parte de todos.
Apelou ainda para a responsabilidade individual de todos e defendeu o poder das pequenas acções como reciclar, realizar um consumo responsável de energia ou conduzir carros híbridos. Realçou, por outro lado, a necessidade de se começar a agir imediatamente. “Somos os proprietários do nosso futuro e devemos ser os guerreiros do nosso planeta”, defendeu, numa clara referência às personagens do filme, que lutam para libertar o seu habitat natural da ameaça dos humanos.
Depois de defender o diálogo entre as tribos indígenas de todo o mundo e a sociedade tecnológica, James Cameron pediu ao Presidente Lula da Silva que reconsidere alguns projectos de infra-estruturas na floresta que ameaçam tribos amazónicas. 

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